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#Alimentação

Amamentação: o que pode dar errado e como fazer dar certo?

Amamentacão! É consenso mundial que o leite materno deve ser o único alimento ofertado nos primeiros 6 meses de vida do bebê, sendo suficiente para suprir todas as suas demandas metabólicas e também de hidratação. 

Mas, a verdade é que, embora seja uma herança natural primitiva, amamentar não é uma experiência fácil para todas as mulheres. Por isso, quando o assunto é gravidez, o medo de não conseguir amamentar figura entre os principais tópicos junto ao medo da dor do parto. 

Se você está no último trimestre da gestação, esse é o momento certo para conhecer algumas técnicas de amamentação. Além disso, você vai descobrir por qual motivo é importante insistir no aleitamento materno e como contornar possíveis intercorrências. Acompanhe!

Quais são os benefícios da amamentação?

Não existem mais dúvidas de que o leite materno é mesmo o melhor alimento para a criança durante o primeiro ano de vida, devendo ser exclusivo nos primeiros 6 meses. Há pelo menos 20 anos ficou claro que a introdução precoce de água e outros líquidos e/ou alimentos poderia predispor a doenças e afetar o crescimento do bebê.

A ciência já comprovou também que crianças não amamentadas possuem maior risco de complicações por diarreia nos primeiros 6 meses de vida e por pneumonia no primeiro ano. Além desses, outros benefícios bem estabelecidos da amamentação são:

  • criação de vínculo afetivo entre a mãe e o bebê;
  • prolongamento da amenorreia (ausência de menstruação) pós-parto, funcionando como contraceptivo natural para a mãe;
  • diminui a chance de sangramento materno e anemia, além de reduzir o risco de câncer de mama e ovários;
  • no bebê, previne a formação anômala dos dentes e distúrbios da fala;
  • redução de custos para a família, dado alto valor das fórmulas infantis.

É importante ressaltar que mães adotivas também podem amamentar suas crianças por meio do processo de lactação induzida. Nesse caso, a mãe recorre a um banco de leite e administra o leite doado por meio de uma sonda fixada externamente ao seio. Ao fazer a sucção, o bebê estimula a secreção de prolactina e, com o tempo, devido à ocitocina, ocorre a descida do leite da própria mãe adotiva.

Amamentação

Aleitamento e desenvolvimento neuronal

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Quociente de Inteligência (QI) de crianças amamentadas é alguns pontos mais alto que o de crianças não amamentadas ou amamentadas por pouco tempo. 

Isso porque o período de amamentação coincide com a fase de maior desenvolvimento neuronal e o leite possui substâncias importantes para esse processo. Além disso, crianças amamentadas por mais tempo tendem a ser também mais estimuladas e expostas a relações afetivas, o que também interfere na potencialidade cognitiva. 

Aleitamento e imunidade

O leite materno possui propriedades antimicrobianas, antiinflamatórias e imunomoduladoras que interagem com as mucosas e barreiras epiteliais. Uma dessas substâncias é a Imunoglobulina do tipo A (IgA), que é responsável por neutralizar antígenos dentro do tubo gastrointestinal e por inibir a aderência de bactérias nas mucosas. 

O neném que não mama, portanto, pode ter uma imaturidade das IgA’s em sua mucosa,  o que causa predisposição à doença celíaca, às alergias alimentares (mediadas por IgE) e às doenças inflamatórias intestinais no primeiro ano de vida.

O que pode dar errado?

Existem intercorrências maternas locais e gerais que podem comprometer o aleitamento, assim como fatores relacionados ao próprio bebê, mas não se desespere. Para praticamente todas elas, há alguma intervenção possível.

Nesse processo você vai precisar de uma dose extra de perseverança, um bom apoio profissional e SEMPRE de uma rede de apoio psicossocial forte. Isto é, companheiro(a), familiares e amigos presentes e dispostos a ouvir e ajudar.

Intercorrências maternas locais

São as principais causas de desmame precoce e devem ser identificadas rapidamente, evitando dor excessiva, abcessos (bolsa com conteúdo purulento) e infecção generalizada. Entre as intercorrências locais precoces e tardias estão:

  • mamilos doloridos: tornam-se planos e distendidos, dificultando a pega;
  • bolhas mamilares: acontecem devido à pega incorreta;
  • fissuras: causada pelo desmame precoce;
  • monilíase: também conhecida como “sapinho”, é uma infecção fúngica em que a mãe é tratada com creme antifúngico e o bebê com suspensão oral antifúngica;
  • ingurgitamento: é causado pela retirada insuficiente de leite, que gera paralisação do leite dentro dos ductos, gerando aumento da temperatura e dor;
  • ducto lactífero bloqueado: é causada pelo do espessamento leite;
  • mastite aguda: trata-se de uma infecção bacteriana da mama cujos fatores de risco estão muito relacionados ao cansaço, estresse e sobrecarga de tarefas, devendo ser tratada com antibiótico.

Muitos desses problemas podem melhorar apenas mantendo o bebê em regime de demanda livre e espontânea ou realizando massagem de acordo com a técnica correta. Outras orientações são: não lavar excessivamente a mama; não usar cremes cicatrizantes ou protetores; expor a mama ao sol por 15 minutos diariamente; fazer o uso de compressa fria ou quente; iniciar a amamentação pela mama sadia e alternar as posições da mamada para que todos os lóbulos sejam esvaziados.

Intercorrências maternas gerais

As intercorrências gerais dizem respeito principalmente às doenças infecciosas e podem ser prevenidas por meio de um pré-natal completo e bem feito, incluindo cartão de vacinação em dia. Entre as infecções, merecem atenção as seguintes condutas:

  • gripe: a mãe deve usar máscara durante a amamentação;
  • herpes: se não houver lesões no mamilo, a amamentação deve continuar desde que a mãe use máscara e luvas para isolar o bebê das lesões na mão e no rosto;
  • toxoplasmose aguda e infecção urinária: devem ser tratadas concomitantemente ao aleitamento;
  • sífilis: tanto o recém nascido quanto a mãe devem ser tratados durante o aleitamento;
  • HIV: constitui uma contraindicação absoluta ao aleitamento.

Intercorrências neonatais

Bebês “que não sabem mamar”

Em alguns casos o bebê suga a própria língua ou lábio inferior ou ficam apenas com a língua trêmula sem fazer uma sucção forte o suficiente. O contato precoce com a mãe no pós-parto com primeira sucção funciona como uma janela facilitadora para esse aprendizado e previne esse tipo de problema.

Você pode experimentar ordenhar a mama ou a facilitar a pega por meio pinçando o peito. O objetivo é fazer com que o bebê abocanhe uma porção maior da aréola. Empurrar o queixo da criança para baixo também facilita, porque aumenta a abertura da boca.

Bebê que não mantém pega

É muito comum quando existe “confusão de bicos”, isto é, quando a família oferece outros bicos além do próprio seio materno, como mamadeiras e chupetas. A criança pode acabar rejeitando o aleitamento materno em troca desses bicos de silicone e objetos complementares que, portanto, devem ser banidos nos 6 primeiros meses de vida. 

Outra estratégia é treinar a sucção antes de cada mamada. O treino consiste em enluvar o dedo mindinho e posicioná-lo entre o palato mole e duro da criança, fazendo movimentos para cima e para baixo. Esse exercício deve ser feito sob a orientação do seu pediatra, combinado? 

Bebê que engasga, chora ou possui obstrução nasal

Muitas vezes a obstrução nasal é decorrente de posição equivocada, com a cabeça fletida em relação ao seio, bastando fazer com que o neném olhe de frente para a mama. Já a criança que engasga pode estar recebendo um volume muito grande de uma vez, sendo necessário esvaziar um pouco a mama antes das mamadas.

No que se refere ao bebê chorão, é necessário verificar junto ao pediatra se o ganho de peso está adequado à idade. Desmistifique a ideia de que o choro está sempre vinculado à fome e tenha como hábito verificar fatores estressantes do ambiente, como luz ou barulho excessivo, frio ou calor.

Bebês gemelares

Aqui, o apoio psicossocial à mãe deve ser ainda mais forte. É preciso reconhecer o cansaço e a angústia de ter que dar conta de duas crianças ao mesmo tempo, por isso, peça ajuda e distribua as tarefas de casa.

Quanto ao posicionamento, é possível amamentar ambas as crianças ao mesmo tempo, com as perninhas cruzadas ou na posição de “bola de futebol americano”. Depois de bem estabelecida a amamentação, as mamadas podem passar a ser individuais. 

Bebê hipotônico

A hipotonia é muito comum na Síndrome de Down e em outras síndromes genéticas e cromossômicas. A dica é fazer movimentos rápidos com os dedos na bochecha da criança a fim de desenvolver a musculatura; adotar a posição “a cavaleiro” e ordenhar dentro da boca do bebê no início. A técnicas de segurar o queixo e de treinar a sucção também funcionam aqui. 

Assim como mamar, amamentar nem sempre é intuitivo, mas é o maior gesto de carinho e entrega entre mãe e filho. A Noeh quer saber como tem sido a sua experiência com a amamentação. 

Noeh, tecnologias para cuidar da vida!

Deixe na caixa de comentários suas dúvidas, e conte com a gente!

 

Um abraço apertado, com carinho da Noeh

Referências:

  1. Aleitamento materno: manual de orientações. FEBRASGO, 2006.
  2. Desenvolvimento da resposta imune de mucosas: influências do aleitamento materno e ambientais. Jornal de Pediatria; SBP.
  3. A criança amamentada é mais inteligente?, site da Sociedade Brasileira de Pediatria
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