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Coisas de bebê: calçado para bebês, porque isso é importante?

Coisas de bebê: calçado para bebês, porque isso é importante? O Noeh tem uma história com a análise do movimento. No último post, falamos sobre a análise do movimento e sua relação com os bebês. Hoje, vamos conversar como entendemos esse movimento e como ele ajudou a entender o Noeh .

Muito prazer, eu sou a Liria, Diretora de Pesquisa da Anamê e, juntos vamos caminhar neste mundo dos bebês nos seus primeiros 1000 dias…

Os pés e os bebês

 

Antes de mais nada é bom lembrar que os pés são a interface entre nosso corpo e o chão. Em outras palavras, essa interface que contribui em como as forças de reação do solo são aplicadas ao pé e consequentemente distribuídas por todas as articulações do nosso corpo. Considerando isso, o calçado não afetaria os bebês que estão no começo do desenvolvimento da marcha?

Sabe-se pouco sobre a influência dos calçados nessa fase de desenvolvimento da locomoção da criança.

Início da caminhada para bebês

Já falamos dessa fase tão importante do desenvolvimento dos bebês aqui. Essa tarefa de transportar o peso do seu corpo na posição ortostática durante a fase de apoio é um grande desafio para essa idade. Em outras palavras, nessa fase, os bebês tem que impulsionar todo o seu corpo para frente e ainda serem capazes de manter-se eretos em uma perna só.

Como o COM (centro de massa) é no adulto (fonte)

Seja como for, é importante salientar que o padrão de marcha dessas crianças é diferente do adulto. Um aspecto simples que já não se iguala ao adulto é a oscilação vertical do quadril, que em adultos, acontece como na figura ao lado mas, na criança não. Além disso, bebês nesse início da fase de desenvolvimento da marcha não apresenta a transferência de energia entre a energia potencial e a cinética como discutimos aqui.

Essas diferenças já dão indícios da importância de elementos externos como o calçado no desenvolvimento desse marco motor.

Os calçados e os bebês

1: pé normal, 2: pé cavo, 3: pé plano (fonte)

Nosso estilo de vida urbano exige que usemos calçados pela segurança mas, também pelo aspecto social. A função primária de um calçado é a proteção dos pés dos bebês de lesões devido a objetos cortantes,  superfícies irregulares, do impacto excessivo em solos rígidos e, também do ambiente frio e úmido.

Entretanto, há evidências que indicam que o calçado tem um impacto também sobre deformidades nos pés. Em pesquisas sobre a influência de anormalidades do pé, pés planos tem uma prevalência maior nas crianças que começam a caminhar antes dos seis anos. Holowka avaliou 101 adultos que usam diferentes tipos de calçados: dos minimalistas aos padrões. Os seus resultados sugerem que o tipo de calçado está associado com músculos do pé mais fracos, o que pode levar a uma menor rigidez dos pés e contribuir para o pé plano.

O calçado, os bebês e a natureza

O andar descalço frequentemente desenvolve bem os dedos dos pés, desenvolve força muscular e mobilidade, previne deformidades estáticas e contribui para a formação do arco plantar. Nos movimentarmos dentro da natureza envolve caminhar sobre elementos macios como a areia, por exemplo, que afeta diretamente a mecânica e a energia da locomoção.

O andar na natureza envolve desafios porque envolve terrenos irregulares, fazendo com que o corpo tenha que fazer ajustes o tempo todo para poder manter a sua estabilidade. Michael confirma no seu estudo que calçados que respeitam a anatomia do pé permite a maximização da sua função anatômica.

O biomimetismo é quando o design usa de inspiração a natureza. Então por que não se inspirar na natureza para o design de um calçado? Especialmente em bebês no início da fase de aquisição da marcha, com  seus desafios e com o pé em formato de bisnaguinha, um calçado biomimético não seria o ideal?

Calçado biomimético e a pesquisa

Mesmo com todas as evidências de que o andar descalço promove uma melhor saúde para os pés dos bebês, não havia nenhuma pesquisa sobre calçados que estudasse sobre as vantagens e desvantagens de um sapato biomimético.

Dessa forma, uma pesquisa junto com o Laboratório de Análise do Movimento da UFMG foi desenvolvida e avaliamos o efeito de um calçado biomimético na marcha de crianças típicas no início da aquisição da marcha.

Avaliação do calçado biomimético para bebês

Foram avaliadas 21 crianças em torno dos 15 meses que fossem capazes de andar independentemente. O Laboratório de Análise do Movimento (LAM-UFMG) foi adaptado para que as crianças se sentissem o mais confortáveis no ambiente. Nesse meio tempo, as crianças caminharam numa plataforma em três condições diferentes: descalças, com o calçado biomimético: Noeh e com o sapato de uso diário da criança. Nenhuma criança havia tido contato com o calçado biomimético anteriormente.

Os resultados da pesquisa mostraram que o calçado biomimético é semelhante ao andar descalço, comparando com o calçado de uso diário.

Dados espaço temporais

Medidas como velocidade e largura do passo são medidas globais do processo de marcha. Com o calçado de uso diário, as crianças caminharam mais rápido e com um comprimento de passo maior. Assim como nosso pé é a ligação entre nosso corpo e o chão, ela é uma estrutura vital que dá suporte para as crianças explorarem, interagirem e investigarem seus ambientes. O calçado biomimético tem uma superfície irregular na região plantar do pé. Como elas nunca tinham usado o Noeh anteriormente, é possível que a sensação de irregularidade da superfície nos pés diminuísse a velocidade e o comprimento do passo para que elas explorassem essa irregularidade, como quando andam descalças.  Outras medidas espaço temporais não foram diferentes entre as condições.

 Dados cinemáticos

O deslocamento vertical do centro de massa do nosso corpo é considerado como uma representação geral do movimento de todo o nosso corpo. Da mesma forma, na nossa pesquisa com o calçado biomimético, o deslocamento vertical do centro de massa foi maior com o uso do calçado diário, isso indica um custo metabólico é maior das crianças quando usam calçados.

Deslocamento vertical do Centro de massa, os asteriskos mostram a diferença entre o comercial e o Noeh. Não houve diferença do Noeh com o andar descalço

 

Da mesma forma, medimos também o pico de flexão do joelho e a altura que as crianças levantavam o pé em relação ao solo em todas as condições. Ambas as condições calçadas apresentou igualmente um maior pico de flexão do joelho e maior altura ao levantar o pé. Isso pode ser atribuído ao aumento do peso da perna quando usamos um calçado. Trabalhos concluem que levantar mais os pés pode ser uma estratégia segura e simples para evitar quedas e tropeços além de ajudar a fortalecer os músculos das pernas. Mas, vale lembrar que o andar descalço promove também o fortalecimento mais dos músculos dos pés: como os intrínsecos por exemplo.

Calçado para bebês

Este estudo foi o pontapé inicial para entendermos os benefícios de calçados com design biomimético podem causar nos nossos bebês. É uma área nova e bem promissora. Por isso temos tanto carinho pelo Noeh e estamos entendendo também os seus benefícios em crianças atípicas. Logo teremos novidades…..

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Anamê, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar que iremos te responder!

Um abraço apertado, com carinho da Liria da Anamê

Dra. Liria Okai-Nóbrega. Pesquisadora, Doutora em neurociências e pós doutora em ciências da Reabilitação.

 

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