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Luxação congênita do quadril e a marcha infantil

Atualmente, a ortopedia pediátrica substituiu o termo luxação congênita do quadril por “displasia do desenvolvimento do quadril – DDQ”. Como resultado, essa nova nomenclatura abrange um espectro de alterações que podem acometer o quadrilzinho de um recém nascido, sendo elas congênitas ou desenvolvidas nos primeiros meses de vida da criança.

Estima-se que, a cada 1.000 recém-nascidos, 1 nasça com o quadril luxado e cerca de 10 tenham o quadril subluxado (instável). A detecção precoce dessa condição, portanto, é fundamental para minimizar danos funcionais que podem aparecer só lá na frente, quando o bebê começar a andar.

Nesse post você fica conhecendo um pouquinho mais sobre fatores de riscos e possíveis abordagens da luxação congênita do quadril, condição que pode alterar a marcha do bebê. Vem com a gente!

A displasia ou luxação congênita do quadril

Displasia é o termo atribuído à malformação ou anormalidade de um órgão. Nesse caso, existe um comprometimento da ligação entre o osso fêmur e a cavidade onde ele se encaixa, formando a articulação do quadril. 

A princípio a anormalidade pode residir no tamanho, forma e posição da cabeça do fêmur. Igualmente, ela pode ser determinada por uma cavidade acetabular excessivamente rasa. Em uma terceira hipótese pode existir, ainda, anomalia em ambas as estruturas.

Dessa maneira, as alterações favorecem que o osso deslize e saia da sua posição anatômica; processo que chamamos de luxação ou subluxação, dependendo do grau de deslocamento. 

Quando a luxação ocorre nos primeiros meses de desenvolvimento do feto, ainda dentro do útero, atribui-se o nome luxação teratológica. Se isso acontecer, provavelmente o bebê apresentará uma luxação um pouco mais grave e difícil de ser reduzida ao nascer. Isto é, será mais complicado de retornar o osso à posição normal da articulação.

Fatores de risco

A literatura científica mostra que existem alguns fatores de risco associados à luxação congênita do quadril, entre eles estão:

  • bebê do sexo feminino;
  • raça branca;
  • mamães jovens e de primeira viagem;
  • histórico familiar positivo;
  • oligohidrâmnio (baixa produção de líquido amniótico);
  • recém-nascido grandes e pesados;
  • apresentação fetal pélvica nas últimas semanas de gestação;
  • recém nascido com deformidades nos pés ou na coluna vertebral. 

No caso das mulheres jovens e que nunca tiveram filhos antes, a lesão se justifica porque elas tendem a ter maior tônus muscular na pelve. 

Já a apresentação fetal pélvica pode ser uma ameaça, porque causa aprisionamento da pelve do feto em relação à pelve da mãe. Isso faz com que o bebê adote uma posição de flexão exagerada do quadrilzinho e extensão dos joelhos, favorecendo a lesão. O oligoidrâmnio, finalmente, induz a posição fetal pélvica, limitando o espaço abdominal disponível para que o bebê fique em posição cefálica, que seria a ideal.

O comprometimento da marcha

Embora existam alguns testes clínicos, como as manobras de Ortolani e Barlow, que ajudam o pediatra a diagnosticar essa condição logo nos primeiros meses de vida, a luxação congênita do quadril pode passar despercebida. O distúrbio pode ser notado só após a idade do início da marcha, entre os 10º e o 16º mês de vida.

Quando o diagnóstico é precoce, a articulação é reduzida à sua posição anatômica e estabilizada em uma posição segura. No entanto, se o diagnóstico é tardio, a criança adquire uma limitação no movimento de abdução do quadril (abertura lateral das pernas). 

Além disso, elas apresentam teste Trendelenburg positivo: isso significa que, ao ficar sobre uma perna só, são incapazes de sustentar o quadril, havendo queda da pelve para um lado. Outros achados nessas crianças são a marcha “anserina”, com balanço acentuado dos quadris para um lado e para o outro a cada passo, além de hiperlordose da coluna (bebê com bumbum arrebitado). 

Como você pôde perceber, a luxação congênita do quadril é uma afecção ligeiramente comum e que deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes. O objetivo do tratamento é, assim, preservar o desenvolvimento da marcha no futuro, além de proteger outras articulações. 

Em crianças entre 6 meses e 1 ano de idade, a cirurgia sob anestesia geral para implantação de aparelho gessado pode ser indicada pelo ortopedista pediátrico. Isso deve ser feito em idade mais precoce, porque depois dos 3 anos idade o tratamento da luxação se torna bastante difícil.

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Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar!

Um abraço apertado, com carinho da Noeh

Referências:

  1. Displasia do desenvolvimento do quadril e luxação displásica do quadril. Revista Brasileira de Ortopedia.
  2. Luxação congênita do quadril: uma abordagem inicial. Medicina (Ribeirão Preto)
  3. Displasia do desenvolvimento do quadril: atualização. Revista Brasileira de Ortopedia.
  4. Marchas patológicas. Olhar Fisio.
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