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Como evitar acidentes com crianças de 0 a 3 anos?

Saber como prevenir acidentes com crianças é um dever cívico e todo mundo deveria ser educado para isso, inclusive os próprios pequenos. Como não é cultural, no entanto, os cuidadores acabam carregando a responsabilidade com um peso maior, e não é à toa.

A grande maioria das fatalidades infantis acontece em casa mesmo ou em ambientes de muita familiaridade, tanto para a criança quanto para os pais. A situação foi agravada, ainda, pela invenção de tecnologias como os smartphones, que distraem os pais em momentos cruciais para a segurança dos seus filhos.

Neste post, você vai descobrir quais tipos de acidentes com crianças de 0 a 3 anos são mais comuns e como prevenir cada um deles. Vou te mostrar também como o andador, a mamadeira ou mesmo o banho de todo dia podem oferecer riscos evitáveis. Boa leitura!

Campeãs dos acidentes com crianças: as quedas

As quedas são as campeãs em causar atendimentos de emergências em crianças de 0 a 5 anos. Não é de se surpreender: qualquer um que já teve um bebê em casa sabe que eles caem o tempo todo, afinal, ainda estão aprendendo a se equilibrar e a manter a coordenação motora.

Embora aconteçam toda hora, os tombos não podem ser subestimados. É muito diferente, por exemplo, o bebê cair da própria altura tentando andar ou cair de cima de uma cama ou escada. Geralmente, esses acidentes acontecem em casa mesmo quando um dos cuidadores não está olhando, e podem causar lesões graves cranianas e abdominais. 

Cuidados básicos

Primeiramente, o essencial para prevenir acidentes em crianças tão pequenas é nunca deixá-las sozinhas em nenhum ambiente, mas principalmente em cima de camas, sofás ou trocadores. A cadeirinha também merece atenção: por ser um item que faz parte da rotina, os pais podem acabar esquecendo de travar o cinco e a alça ao colocarem o bebê “no automático”. Ainda nesse contexto, em nenhuma hipótese deixe o bebê sob a tutela de outra criança.

Em segundo lugar, providencie uma grade de altura suficiente para o berço e telas para as janelas ou outros ambientes perigosos da casa. Atualmente, os cercadinhos e as grades de segurança montáveis facilitam muito esse trabalho. 

Regiões que dão acesso às escadas também devem ser cercadas. No futuro, quando o bebê tiver mais mobilidade, ensine-o a subir a escada sentando-se nos degraus, fazendo junto com ele o movimento.

Andador: riscos x benefícios

Por último, mas não menos importante, se optar por um andador, triplique a atenção. Nós sabemos: ver um bebê que nem sabe andar com tanta independência é mesmo fascinante, mas esse utensílio pode ser muito perigoso junto a escadas, piscinas, degraus e outros.

70% das crianças que sofreram acidentes com andadores estavam sob a supervisão de um adulto. Acontece que nem sempre o acidente é óbvio, e o tempo de reação pode ser insuficiente. Além disso, o item predispõe a queimaduras e intoxicações pois as mãozinhas estão livres e o bebê está ágil para encontrar ou encostar onde não deveria.

Só para ilustrar a gravidade do fato, países como o Canadá já proibiu a comercialização deste item e, nos Estados Unidos, 34 crianças já morreram em acidentes causados pelo andador.

Portanto, quando analisamos o desenvolvimento motor, existem estudos que ele não atrapalha/atrasa o desenvolvimento motor mas também não acelera, é um produto neutro, sendo assim, desnecessário. Dessa forma, sugiro que foque em técnicas de estímulo à marcha infantil.

Sem fogo no parquinho

Por incrível que pareça, a maioria das queimaduras em crianças acontece na cozinha e na presença de um adulto. O dado mais triste é que, no Brasil, elas são a 4ª causa de morte e hospitalização por acidente até os 14 anos de idade, ou seja, acontecem com bastante frequência.

Queimadura por líquidos

O primeiro lugar em que um bebê de 0 a 3 anos pode se queimar é na água do banho. Para evitar isso, os pais devem sempre encher as banheiras ou baldes primeiro com a água fria, e depois acertar com a água quente. Feito isso, mexa a água e experimente na pele do antebraço (que é sensível como a pele do bebê). A temperatura ideal é por volta de 36ºC. 

Adicionalmente, os cuidadores também não devem subestimar o risco de afogamento durante o banho. Nos primeiros meses de vida, vocês devem ficar atentos ao momento de virar o bebê para lavar as costas. 

Nessa hora, é comum que o rosto encoste na água e ele aspire líquido. Mesmo bebês maiorzinhos, que já ficam sentados na banheira, não devem ser deixados sozinhos em hipótese alguma. Cuidado para não se distrair com seu smartphone e tirar o olho!

A segunda situação em que as queimaduras podem acontecer é durante o uso de mamadeiras. Logo depois de prepará-las, lembre-se de agitar o conteúdo, para que a temperatura seja distribuída. Aqui, o teste do antebraço também é necessário, porque evita queimaduras no rosto, boca, língua e também no corpo, caso a mamadeira se abra.

De forma idêntica, o cuidado vale durante a higienização das chupetas: pouca gente se atenta ao detalhe de que elas são capazes de reter água em seu interior. Às vezes, as mamães fazem a esterilização com água fervendo e esquecem de esvaziá-las antes de oferecer à criança. 

Finalmente, nunca é demais lembrar que manipular coisas quentes com o bebê no colo, assim como cozinhar, nunca é uma boa ideia. Mesmo que seja rapidinho, não corra esse viu?

Queimadura por energia elétrica

Outros dois tipos clássicos de acidentes com crianças são o choque elétrico e a queimadura que pode decorrer dele. Principalmente na fase em que os bebês começam a engatinhar e a sua altura é compatível com a de muitas tomadas, o dedinho tende a ir direto para a parede.

Hoje em dia, a prevenção desses acidentes é moleza: basta adquirir protetores que se conectam às tomadas e mantêm seus buraquinhos tampados. Igualmente, aparelhos eletrônicos fios curtos ou presos também devem ser mantidos longe dos pequenos.

Primeiros cuidados

Existe todo um imaginário popular em torno das queimaduras. É um tal de colocar gelo, passar arnica e até pó de café. Nada disso é recomendado, no entanto. As orientações de primeiros socorros que listamos na sequência valem tanto para adultos quanto para bebês. Confira:

  • se houver roupa ou acessórios (anéis, pulseiras e colares) na área queimada, remova-os o quanto antes;
  • coloque a área queimada debaixo da água fria ou faça compressas frias sobre a região; essa é a medida mais importante de todas;
  • envolva a criança em um tecido limpo ou agasalho e procure ajuda médica;
  • se for usar alguma medicação, use um analgésico como a dipirona;
  • se a criança estiver consciente e a área não for muito extensa, hidrate-a com água pela boca;
  • em hipótese alguma coloque gelo, pomadas, clara de ovo, pó de café, banha de galinha ou pasta de dente na área queimada;
  • não fure as bolhas.

Lembre-se: queimaduras são muito graves em crianças, porque a área corporal delas é pequena. Por conta disso, elas perdem água e temperatura muito rapidamente.

O vilão de todas as idades: acidentes de carro

Os cuidados com a segurança do bebê começam desde a gravidez, afinal, seu corpo é a casa dele. Embora não haja nenhuma lei que disponha sobre o transporte seguro de gestantes, a Sociedade Brasileira de Pediatria tem algumas recomendações. É importante segui-las, porque mais da metade dos traumas e acidentes com grávidas acontece no último trimestre de gestação, já que o barrigão está enorme e a agilidade da mulher já não é mais a mesma. 

Portanto, se for dirigir, a mamãe deve afastar o banco o máximo que conseguir sem prejudicar o acesso aos pedais. Por sua vez, o volante deve ser afastado da barriga em pelo menos 15cm. Sempre que der, evite também percorrer longas distâncias ou dirigir em situação de jejum, nervosismo, mal estar, sonolência ou calor extremo. 

Outras condições em que é contraindicado dirigir são: ameaça de abortamento, câimbras ou edema intenso. Parece exagero, mas mamães muito inchadas geralmente têm dificuldade em calçar sapatos que fiquem firmes no pé, e isso prejudica a condução segura.

Pode dirigir com barrigão?

Sobretudo a partir da 36ª semana de gestação, procure chamar um táxi ou motorista de aplicativo se não houver algum conhecido para fazer seu transporte. Isso porque é praticamente impossível afastar a barriga do volante na pré-concepção. Nesse caso, prefira sempre ir no banco de trás, tudo bem?

Em conclusão, quer como passageira quer como motorista, você deve sempre usar cinto de três pontos. A faixa diagonal deve passar pela linha média do ombro e entre as mamas, nunca em cima do útero. A faixa horizontal, por sua vez, deve estar ajustada ao seu tamanho e ser posicionada na posição mais baixa possível. 

Depois que o bebê nasce

Os cuidados com o transporte seguro continuam quando o pequeno vem ao mundo. O uso do bebê-conforto no primeiro ano e da cadeirinha até os 4 anos é obrigatório, ambos no banco de trás do veículo. Esses itens também precisam ser adequados à idade e ao peso da criança.

No caso do bebê-conforto ou poltrona reversível, o assento deve ser voltado para o vidro de trás do carro, isto é, o bebê fica de costas para o motorista. Já as crianças maiores que um ano (9-18kg) devem usar a poltrona virada para a frente do veículo, no mesmo sentido do motorista.

Em qualquer um dos casos, se o bebê chorar nunca se vire para trás, dividindo a atenção entre o tráfego e a criança, mesmo que rapidinho. A orientação é clara: encontre um lugar seguro para encostar o carro, acalme-o e só depois disso volte a dirigir. 

Perigo também fora do carro

Contudo, o perigo não acaba quando a criança está fora do carro: os atropelamentos são acidentes com crianças que acontecem principalmente na fase pré-escolar. Isso se explica pelo fato de eles serem muito pequetitos e, muitas vezes, o motorista não é capaz de enxergá-los, sobretudo em manobras de ré. 

Surpreendentemente, isso pode acontecer dentro de casa mesmo, em acessos de garagem, ou em estacionamentos de lugares públicos. Quando a criança começa a dominar a marcha, então, o perigo aumenta. 

Apesar de saberem andar, até os 12 anos de idade as crianças não têm um bom discernimento de perigo ou noção de distância de segurança de objetos em movimento. Além disso, elas são super curiosas e impulsivas.

Só para ilustrar, são muito comuns os acidentes em que a criança corre para o meio da rua para pegar algum brinquedo ou se afasta sem perceber durante uma brincadeira. Igualmente, algumas delas surgem por entre carros estacionados no meio fio, o que dificulta ainda mais a visibilidade do condutor. 

Vale lembrar que esses acidentes costumam acontecer em ambientes de muita familiaridade da criança e da família que, justamente por isso, acaba relaxando. 

Por isso, a melhor forma de prevenir atropelamentos é, durante o desenvolvimento da criança, conversar continuamente e reforçar regras básicas de segurança. Ensine à criança, por exemplo, que é proibido sair da calçada, que é necessário olhar para os dois lados antes de atravessar na faixa de pedestre e que é proibido brincar em locais de entrada e saída dos veículos.

Brinquedos nem tão divertidos assim

Quem nunca ouviu a história do bebê que engoliu o brinquedo ou enfiou uma pecinha dentro do nariz, não é mesmo? Não à toa, o Brasil conta com uma instituição, o Inmetro, responsável por testar a segurança dos brinquedos infantis. 

Ainda assim, seu bebê com certeza vai acabar entrando em contato com objetos potencialmente nocivos, seja do priminho mais velho ou mesmo na creche. Nesse sentido, quanto mais jovem o bebê, maior sua tendência a levar objetos à boca ou a outros orifícios, favorecendo engasgamento e sufocação. 

Por isso, listamos algumas orientações que devem ser seguidas antes de oferecer qualquer brinquedo a uma criança com menos de 3 anos:

  • siga a recomendação de faixa etária do fabricante;
  • confira o selo do Inmetro;
  • evite brinquedos pequenos demais ou com peças e partes destacáveis;
  • prefira materiais resistentes, atóxicos e não inflamáveis;
  • correntes, tiras e cordas maiores que 15cm oferecem risco de estrangulamento;
  • pilhas e baterias de brinquedos elétricos têm conteúdo corrosivo e potencialmente danoso quando é engolido ou aspirado;
  • evite brinquedos com potencial perfurocortante, com pontas ou bordas afiadas, pistolas com projéteis, dardos e flechas, pois podem causar ferimentos de gravidade variável;
  • afaste bexigas e balões de látex do bebê se o cuidador não estiver 100% atento e não deixe que leve a boca em hipótese alguma;
  • brinquedos que emitem ruídos maiores que 100 decibéis danificam a audição.

Em virtude de todos esse detalhes, inspecionar o estado dos brinquedos deve ser um trabalho contínuo da família; aqueles que representam riscos devem ser descartados. Adicionalmente, você deve ensinar a criança a sempre guardar os brinquedos a fim de minimizar quedas, por exemplo. O irmãozinho mais velho, por sua vez, deve ter responsabilidade, e ser consciente de que seus brinquedos podem ser perigosos para o caçula.

Educar para proteger

Os tipos mais comuns de acidentes com crianças vão mudando conforme sua idade avança. Isso porque a aquisição de habilidades, embora desejável, confere a elas uma autonomia para a qual nem sempre estão prontas. Por isso, o papel educativo dos pais deve ser constante.

Converse, explique os riscos e estabeleça regras compatíveis com o nível de entendimento do seu filho. Poupá-lo dessas informações com medo de assustá-lo pode ser muito mais nocivo. Para educá-lo, você só precisa usar o tom e a linguagem certa mostrando que, seguindo seus conselhos, ele estará seguro.

Agora você já sabe que para prevenir acidentes entre crianças de 0 a 3 anos é preciso, em primeiro lugar oferecer um ambiente seguro, com o auxílio de telas e grades de proteção. A atenção em tempo integral por parte dos cuidadores também é vital. 

Em segundo lugar, assegure-se de que os brinquedos do bebê são adequados à faixa etária. Banho, mamadeira e chupeta são elementos do dia-a-dia que expõem o bebê a altas temperaturas direta e indiretamente, por isso, merecem atenção especial. Por fim, o transporte do bebê deve ser sempre feito em bebê conforto ou cadeirinha.

Você é uma mamãe coruja? Então não deixe de conferir também nosso post sobre como proteger seu bebê da dengue, todos os verões temos a Dengue novamente tirando nosso sossego. Confira!

 

Noeh, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar!

Um abraço apertado, com carinho da Noeh

 

Referências

  1. Segurança da criança e jovem como pedestre: o que funciona?. Sociedade Brasileira de Pediatria.
  2. Transporte seguro da gestante, Sociedade Brasileira de Pediatria
  3. Queimaduras, Sociedade Brasileira de Pediatria.
  4. Quedas. Sociedade Brasileira de Pediatria.
  5. Andador: perigoso e desnecessário. SBP
  6. Os acidentes são evitáveis e na maioria das vezes, o perigo está dentro de casa! Manual de Orientação da SBP (2019-2021)
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