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Saúde do bebê: andar na ponta dos pés

Saúde do bebê: andar na ponta dos pés. O seu bebê caminha na ponta dos pezinhos? Será que isso é preocupante? Isso indica problemas nos pés?

Já falamos um pouco sobre isso aqui. Da mesma forma, vamos conversar mais um pouco para tentar responder essas perguntas, lembrando sempre que a visita de rotina ao pediatra é super importante e ele, que vai conseguir olhar individualmente seu bebê. Muito prazer, eu sou a Liria, Diretora de Pesquisa da Anamê e, juntos vamos caminhar neste mundo dos bebês nos seus primeiros 1000 dias…..

Saúde do bebê: andar na ponta dos pés

Primeiramente, é importante saber que o andar na ponta dos pés é quando o seu bebê caminha sem tocar o calcanhar no solo. Isso, durante a fase de apoio da marcha. Em outras palavras, o bebê caminha sobre a parte anterior do pé e não há contato dos calcanhares com o chão. O andar de forma bípede do ser humano se desenvolveu ao longo de vários milhões de anos até chegar em um padrão muito bem definido e reconhecido, como descrito anteriormente aqui.

A marcha em pontas, termo usado para descrever a marcha na ponta dos pés, é uma característica que  aparece frequentemente no início da fase de aquisição da marcha. Em mais de 90% dos casos é somente uma variação da marcha normal. Geralmente, esta forma “diferente” de locomoção se resolve espontâneamente até os 3 anos de idade, ou seja, com a prática e o aprendizado a criança caminha normalmente tocando o calcanhar no chão.

Andar na ponta dos pés: como acontece?

A marcha em pontas requer que a articulação do tornozelo seja mantida numa posição de flexão plantar (ponta dos pés). Portanto, essa posição é mantida em toda a fase de apoio, mesmo quando todo o peso do corpo é aplicado sobre o pé.

Além disso, o impacto do solo com o pé em flexão plantar tende a alongar o tendão dos músculos flexores plantares (gastrocnêmio e sóleus), o que estimula o reflexo de estiramento desses músculos. Na marcha com o toque de calcanhar, por exemplo, a dorsiflexão acontece acontece durante a fase de apoio. A ativação simultânea dos músculos flexores plantares previne o alongamento dos fascículos. Somente na fase de impulso é que há um encurtamento desses músculos.

O que acontece na fase de impulso na marcha com o toque de calcanhar, é bem semelhante com o que é observado na marcha de pontas, com exceção do tempo de ativação inicial que é em torno de 100 ms, enquanto na marcha com o toque do calcanhar é 400-500 ms.

Andar na ponta dos pés: forma idiopática

Em outras palavras, a marcha em pontas é a inabilidade de gerar o toque do calcanhar durante o contato inicial da marcha, ou mesmo, a ausência do contato de todo o pé durante a fase de apoio. Geralmente, crianças no início da fase de aquisição de marcha apresentam este comportamento.

Apesar disso, se a marcha em pontas persistir após os 3 anos de idade sem sinais de doenças neurológicas, ortopédicas ou psiquiátricas é chamada de idiopática, ou seja, sem uma causa definida. Estima-se que  a marcha em pontas ocorra em até 25% das crianças.

Saúde do bebê: marcha em pontas quando nos preocupar?

Se a marcha em pontas persistir depois dos 3 anos de idade, ela DEVE ser avaliado pelo pediatra de confiança.  Ainda mais que essa característica também pode ser resultante de outras condições médicas como uma paralisia cerebral, distrofia muscular ou desordens do aspectro autista.

Um trabalho desenvolvido pela Divisão de Medicina de Reabilitação Pediátrica de Washington, DC,  mostra, por meio de estudos de casos, que há diferentes causas para a marcha na ponta dos pés em crianças. E, nesses casos, em que há alguma condição alterada, quanto antes o diagnóstico melhor o prognóstico. Por isso, a observação atenta dos pais é extremamente importante. Se houver manifestações neurológicas, musculares e/ou do desenvolvimento, está indicada a procura precoce de um neuropediatra.

Um trabalho desenvolvido na Austrália em 2010 traz uma ferramenta prática de acesso á marcha em pontas idiopática. Ela apresentou um grau de concordância entre os profissionais de saúde de 90%. Em outras palavras, esta ferramenta é capaz de identificar crianças saudáveis com marcha em ponta idiopática.

Meu filho de 2 anos anda em pontas: isso é normal?

Sendo direta, a resposta é não! Mas também não é completamente ANORMAL…. Quando as crianças aprendem a andar, eles geralmente começam com as pontas dos pés. Assim que a sua parte sensorial se desenvolve e os seus músculos aumentam a sua força no tronco e nos membros inferiores, as crianças costumam abaixar os calcanhares e iniciam um padrão mais “normal” de marcha calcanhar-artelhos. Existem várias razões para que seu bebê ande sobre as pontas dos pés.

Encurtamento dos músculos da panturrilha

Crianças podem ter os músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) encurtados. Em outras palavras, quanto mais encurtados esses músculos mais difícil de colocar o calcanhar no chão quando se caminha. Neste caso,  os próprios pais e cuidadores, com o auxílio de um fisioterapeuta, podem aplicar um programa de alongamento.

Fraqueza muscular

É difícil pensar que bebês tem fraqueza muscular. Por exemplo, se os músculos do tronco ou dos membros inferiores estiverem fracos a criança geralmente, anda na pontas dos pés. Isso também pode ser facilmente corrigido com um programa divertido de fortalecimento e fisioterapia.

Fatores ligados a integração sensorial

Bebês podem ter hiperexcitabilidade sensorial e ficam na ponta dos pés. Podemos perceber isso facilmente se a criança fica na ponta dos pés quando mudamos de um ambiente com carpete para piso frio, molhado ou sujo. Isso pode estar mais relacionado com uma defesa tátil desse bebê – ou aversão ao toque. Neste caso, procure orientações do seu pediatra, fisioterapeuta ou principalmente, terapeuta ocupacional.

Não há razão específica para o andar em pontas

Você checou e os músculos não estão encurtados, ele não apresenta nenhuma “defesa” tátil e os músculos apresentam boa rigidez e força muscular. Se for esse o caso, devemos prevenir que não haja nenhuma contratura, por exemplo, aumentando a excursão de movimento dessa articulação.

Saúde do bebê: marcha em pontas como ajudar

A marcha em pontas persistente coloca a criança em risco de desenvolver contraturas que podem limitar a amplitude de movimento dos tornozelos. Como descrito anteriormente, há crianças que começam a caminhar na ponta dos pés mas, geralmente isso se resolve espontâneamente entre 2 e 3 anos de idade.

Como pais, depois que definimos uma possível causa para o surgimento dessa marcha em pontas podemos ajudar com:

  • massagem nos músculos da panturrilha;
  • usar métodos positivos de mudanças de comportamento – como adesivos, carrinhos, etc;
  • brinque com blocos e outras atividades em posições agachadas com toda a sola do pé no chão;
  • use sapatos biomiméticos que imitam a natureza;

No entanto, se a marcha em pontas persistir, procure ajuda de um especialista, ok?

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Anamê, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar que iremos te responder!

Um abraço apertado, com carinho da Liria da Anamê

Dra. Liria Okai-Nóbrega. Pesquisadora, Doutora em neurociências e pós doutora em ciências da Reabilitação.

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