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As fraldas afetam a forma como seu bebê caminha?

Andar…. Como falamos no post anterior, uma das maiores ansiedades da vida materna é quando o bebê começa a andar. Mas, como será que é andar com um volume no meio das pernas? Você já parou para pensar se seria confortável andar de fraldas?  Ainda mais nessa fase inicial onde o bebê está começando o movimento da caminhada: Como será que fraldas afetam a forma que o bebê caminha? Como mãe, me questionei muito sobre o uso de fraldas descartáveis ou fraldas ecológicas pensando na praticidade e/ou na sustentabilidade. Mas, não nos perguntamos se está confortável para quem, principalmente,  vai fazer uso dele e, se de certa forma, alteraria seu movimento…

Vamos conversar para tentar responder um pouco dessas perguntas. Muito prazer, eu sou a Liria, Diretora de Pesquisa da Anamê e, juntos vamos caminhar neste mundo dos bebês nos seus primeiros 1000 dias…

Movimento Natural

Estamos sempre preocupados com o melhor para os nossos filhos, lemos, estudamos e, pesquisamos formas e produtos que ajudem o seu melhor desenvolvimento. Entretanto temos laços culturais e históricos que estão tão intrincados na gente que não conseguimos nem perceber.

Essas formas e produtos que tanto almejamos são bons do ponto de vista do bebê? Ou será que é bom e prático para nós, pais e cuidadores?

Nossos bebês não falam, a sua comunicação é totalmente não verbal, portanto é por meio do choro e do movimento que podemos perceber modificações que mostram o conforto e a usabilidade daqueles produtos. Quando o bebê chora, definitivamente tem algo incomodando muito e, cuidados devem ser tomados. Mas, se não incomoda tanto, será que ainda assim é adequado?

Como entender se as fraldas afetam a forma como seu bebê caminha? Nesse sentido, é mais lógico se considerarmos o padrão de movimento natural, sem nenhuma interferência, o melhor padrão de movimento possível. O humano é um ser complexo que precisa do ambiente para interagir. Contudo, vivemos numa sociedade urbana e, também precisamos nos adaptar.

Habilidades Motoras X Cultura

Primeiramente, é preciso entender que a forma como lidamos, vestimos, alimentamos ou mesmo ensinamos nossos bebês a usarem o banheiro é cultural e histórico. Tendemos simplesmente a reproduzir o mesmo comportamento dos nossos pais. Mas, pesquisas revelam que essas diferentes formas culturais de lidar com o bebê afeta como e até se a criança consegue adquirir certas habilidades motoras, a idade em que essas habilidades são adquiridas e, consequentemente, a trajetória de desenvolvimento motor delas.

Por exemplo, um trabalho publicado no Jornal de Urologia Pediátrica em 2012 entrevistou 47 mulheres no Vietnam dizendo que elas raramente fazem uso das fraldas, principalmente na fase em que o bebê está sendo treinado para o uso do banheiro. Além disso, essas mães no Vietnam descreveram que quando os bebês eram recém nascidos, elas prestavam muita atenção na forma que eles chutavam, choravam e suas expressões faciais. Assim, era possível perceber quando os bebês precisavam urinar ou defecar, pelas suas expressões faciais e movimentos.  Juntamente com isso, elas percebiam também o intervalo de tempo entre essas  necessidades, podendo temporizá-las.

Então, quando as mães percebiam esses sinais, elas colocavam o bebê no piniquinho e assobiavam uma determinada música. Lá pelos 9 meses de idade, a criança já estava praticamente treinada e a mãe podia determinar o momento em que o bebê deveria urinar, por exemplo, se antes da soneca ou depois da alimentação. Era só assobiar a música e o bebê urinava. Esse método então é utilizado até o que bebê não precise ser mais lembrado de usar o banheiro. Em torno de 24 meses, as crianças já estavam totalmente independentes. Fantástico, né?  Entretanto, na nossa vida corrida e urbana, de ambos os pais trabalhando, isso não é possível, infelizmente.

Uso de fraldas afeta o desenvolvimento

Definitivamente, a vida urbana necessita do uso de fraldas. Porém estudos indicam que fraldas afetam sim, o movimento dos bebês. Um trabalho publicado por uma das revistas mais conceituadas do mundo, a Nature, fez um estudo com 27 bebês em torno dos 100 dias de vida. Eles compararam os movimentos espontâneos dos membros inferiores, na posição supina, em quatro situações: sem fraldas, usando fraldas comerciais (com cinturas largas), fraldas com cinturas mais finas (Tipo A) e finalmente fraldas com cinturas mais finas e o volume entrepernas menor (Tipo B).

Tipos de fraldas usadas na pesquisa

Os resultados deste estudo mostraram que bebês têm movimentos mais livres quando estão sem fraldas e que, se as fraldas forem menos largas tanto na cintura como no volume entrepernas, isso facilitaria esse movimento espontâneo.

Fraldas afetam a caminhada do bebê

O mesmo tipo de resultados foi encontrado num outro artigo publicado na Developmental Science que afirma que a caminhada do bebê é afetada pela fralda. Foram avaliadas 3 condições: sem fraldas, com fraldas descartáveis e com fraldas de pano.

Imagem mostrando como a fralda muda a pisada da criança

A própria imagem acima já dá uma ideia das diferenças de como as fraldas afetam a forma como o bebê caminha. Passos com o bebê sem fraldas são mais estreitos e numa linha reta. O uso de fraldas faz com que a passada do bebê seja mais larga e considerada mais “imatura”. Em outras palavras, caminhada do bebê é afetada pela fralda tanto na função, causando mais quedas e tropeços, quanto na sua proficiência, induzindo a um padrão mais imaturo da forma de caminhar. O trabalho ainda finaliza afirmando que em termos de maturidade, o uso de fraldas leva a um retrocesso de várias semanas de desenvolvimento da marcha. Segundo o artigo, o seu padrão de marcha é afetado principalmente por ter um volume entre as pernas.

O que fazer?

Deixar seu bebê algum tempo sem fraldas pode ser uma forma de beneficiar o desenvolvimento motor natural do seu bebê. Além disso, ficar sem fralda por um tempo pode ser o melhor remédio para as assaduras e deixar a pele do seu bebê respirar!

Além disso, os próprios bebês adoram ficar sem fraldas, mas por outro lado, isso pode ser bem estressante para os pais e cuidadores. Ficar preocupado o tempo todo quando e onde seu bebê vai fazer xixi ou mesmo cocô não é fácil. Seguem então, dicas para facilitar esse processo:

  1. Comece a fazer esse tempo livre de fraldas, logo após a troca de fraldas, assim você garante um tempinho até a próxima urina;
  2. Separe uma manta que seja fácil de lavar e deixe seu bebê brincando sobre ela, assim, se sujar você consegue limpar tranquilamente;
  3. Se o seu bebê estiver ainda na fase deitada, use o tempo livre de fraldas na posição prono, assim o xixi não vai longe. Além disso, a experiência com o mundo peladinho é totalmente diferente de quando ele está com aquela camada de roupas. Aproveite para massagear, fazer cócegas e interagir com seu bebê;
  4. Não deixe seu filho sem fraldas na sua cama ou num local com carpete;
  5. Se puder, tente prestar atenção nos sinais que ele dá quando vai fazer xixi (movimentos, expressões faciais), isso auxilia na sua comunicação não verbal….

A principal filosofia da Anamê é fazer pesquisas direcionadas ao bem-estar dos bebês, sempre na sua perspectiva, ou seja, pesquisas que facilitem o movimento e o deixem livre para o seu pleno desenvolvimento.

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Anamê, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar que iremos te responder!

Um abraço apertado, com carinho da Liria da Anamê

Dra. Liria Okai-Nóbrega. Pesquisadora, Doutora em neurociências e pós doutora em ciências da Reabilitação.

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