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Coisas de bebê: pé torto congênito

Meu bebê nasceu com pé torto congênito. E agora?

Muito prazer, meu nome é Liria e sou diretora de Pesquisa da Anamê. Vamos juntos responder a essa pergunta e explorar o mundo dos bebês nos seus primeiros mil dias?

Pé torto congênito. O que é?

Pé torto congênito (PTC) é uma alteração ortopédica que ocorre ainda na fase de desenvolvimento embrionário. Pode ocorrer em somente um dos pés ou bilateralmente. Um pé com desenvolvimento normal se torna um pé torto em torno do segundo trimestre de gestação. Por isso, o PTC é raramente detectado pelos exames de ultrassonografia antes da 16ª semana de gestação. Dessa forma, podemos classificar o  pé torto como uma deformidade do desenvolvimento  (SUS-Brasil).

Complexo do pé

O PTC acontece em 1 a cada 1000 crianças vivas, tem predomínio no gênero masculino e acometimento bilateral em 5o% dos casos (Maranho & Volpon, 2011).

A sua definição é dada como uma deformidade caracterizada por mau alinhamento do complexo do pé que envolve partes moles e ósseas. Em outras palavras não é só a adução do metatarso que caracteriza o PTC, ela precisa ter, pelo menos, 4 componentes: equino do tornozelo, varismo do retropé, adução do antepé e médiopé cavo. Portanto, o PTC não afeta somente uma parte do pé, ela afeta o complexo como um todo.

Pé torto congênito: o que causa?

Não se sabe exatamente a causa dessa má formação, por isso o nome de pé torto congênito (que significa de nascimento) e idiopático (quando não sabemos a causa). Mas, parece haver uma possível causa genética onde, durante o desenvolvimento, haveria uma ativação de genes “responsáveis” pela geração da deformidade. Essa área da genética está em foco de estudo atualmente, podendo levar a algumas respostas em breve.

pés

Como não se sabe a causa direta, o tratamento baseia-se principalmente numa reorientação do crescimento das cartilagens e ossos do pé (falamos um pouquinho disso aqui). Nos pés dos bebês, há vários centros de ossificação envoltos de cartilagem (Hallemans et al, 2006), por isso a importância dos estímulos. De acordo com o texto sobre pé torto congênito (SUS-Brasil), existiria uma “memória” da deformidade inicial, que vai ficando mais fraca a medida que a criança cresce.

Existem várias alterações anatômicas no PTC, não podendo ser considerado  simplesmente um mal alinhamento ósseo. Há variações anatômicas ósseas sim, como alteração morfológica do tálus, por exemplo. Além disso, há anomalias presentes nos ligamentos (ligamento calcâneonavicular plantar geralmente está encurtado e espesso), músculos (menor tamanho do tríceps sural), tendão (variações mediais de inserção do tendão do calcâneo) e vasos (ausência ou hipoplasia da artéria tibial anterior) (Sociedade de Pediatria)

Método Ponseti como tratamento

Na década de 60, um médico espanhol, Ignácio Ponseti, desenvolveu um método composto de, basicamente, manipulações e trocas gessadas seriadas, secção percutânea do tendão calcâneo e uso de órtese de abdução, tornando-se o método preferencial para o tratamento do PTC idiopático em muitos países, nos últimos dez anos.

A: logo ao nascer, B: Depois do gesso e tenotomia, C: com 3 anos. Saetersdal et al, 2011

O fundamento da técnica pela manipulação é corrigir as deformidades por meio da mudança plástica dos elementos contraturados e encurtados, que em bebês possuem elevada capacidade elástica. Isso mostra a importância da biomecânica dos tecidos. Um estudo utilizando a ressonância nuclear magnética mostra que não há apenas correção da relação entre os ossos do pé mas, sim um remodelamento ósseo orientado pelos estímulos mecânicos, de acordo com a clássica lei de Wolff. Esse método Ponseti tem um bom índice de correção, em torno de 90%. Apesar dos médicos concordarem que o tratamento inicial para o PTC tenha q ser conservador, as recidivas ou uma correção parcial do PTC, ainda existem nessa população.

Pé torto congênito: recidivas

Apesar do bom índice de correção, as recidivas após o tratamento podem ser frequentes e fazem parte da própria história natural da doença e são causadas pelos mesmos fatores patológicos que iniciaram a deformidade. Em torno de 10-30 % dos casos são comuns de apresentar recidivas. A aceitação do problema, a busca do tratamento logo após o nascimento e, a sequência correta de tratamento são fatores importantes para o alcance da correção total do PTC e evitar recidivas.

Dessa forma, o uso correto da órtese de abdução e a manipulação domiciliar diária devem ser MUITO incentivados, pois atuam preventivamente. Em torno de 80% de recidivas acontece devido à não utilização da órtese. Isso está altamente relacionada com a escolaridade e nível sócio econômico dos pais.

As recidivas podem ser rapidamente tratadas com duas ou três trocas gessadas, mas casos com forte tendência à supinação dinâmica são candidatos à transferência do tendão do músculo tibial anterior para o terceiro cuneiforme. A cirurgia pode prevenir futuras recidivas e corrigir o ângulo talocalcaneano.

Uma forma de classificar o uso da órtese pode ser: Excelente: uso da órtese contínuamente até 4 anos de idade ou ao menos, 10 horas por noite; Bom: uso da órtese continuamente até 2 anos de idade ou ao menos 6-8 horas por noite; Fraco: uso da órtese até menos de 2 anos de idade ou menos de 6 horas; Não considerável: uso da órtese até 1 ano de idade. Essa escala já dá uma idéia da importância do uso da órtese para o tratamento.

Pé torto congênito e exercícios

Existem outras formas de tratamento  conservadores do PTC. O Método Funcional Francês ou fisioterapêutico e, o Método de Copenhagen (Balasankar et al, 2011). Estes métodos utilizam muito a mobilização das articulações e tecidos. No método de Copenhagem, além da mobilização e uso de órtese, recomendam exercícios regulares 5 vezes ao dia.

O método Ponseti parece ser o método conservativo com os melhores resultados. Entretanto, é preciso mais pesquisas para reduzir as taxas de recidiva considerando a combinação de métodos como gesso, fisioterapia incluindo estimulação dos músculos hipotônicos.

Além disso, o completo desenvolvimento do pé deve permitir que a criança experiencie diversos ambientes e solos para que possa desenvolver completamente as estruturas do complexo do pé. Dessa forma, o biomimetismo de calçados podem ajudar nossas crianças urbanas que, tem pouco contato com o ambiente natural.

 

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Noeh, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar que iremos te responder!

Um abraço apertado, com carinho da Liria da Anamê

Dra. Liria Okai-Nóbrega. Pesquisadora, Doutora em neurociências e pós doutora em ciências da Reabilitação.

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