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Depressão Infantil: entenda o desafio!

A depressão é uma das doenças mais prevalentes na população atual, contudo, você sabia que há depressão infantil?! Diante disso, hoje falaremos sobre um assunto ainda pouco explorado, mas que representa um desafio gigante para pais, cuidadores e pediatras.

Nem sempre é fácil detectar os sinais de depressão em crianças e as manifestações podem ser diversas nesses casos. Por isso, manter-se informado e atualizado é a melhor arma que temos para procurar ajuda ao primeiro sinal de alerta. 

Hoje o blog Noeh te ajudará a desmistificar um pouco o assunto e trará dados e conhecimento atualizado. Vamos lá ?!

Dados Gerais sobre a Depressão Infantil

Primeiramente, é interessante destacar que alguns estudos recentes mostraram que há um aumento na prevalência da depressão infantil nos últimos anos. Além disso, está sendo cada vez mais correlacionado a depressão na idade adulta com os fatores de risco com os quais as crianças foram expostas na infância e na gestação.

Em um recente estudo realizado nos EUA foi constatado que a depressão entre adolescentes entre 12 e 20 anos aumentou significativamente entre 2005 e 2014, esses estudos também relacionam sintomas na infância e fases iniciais da vida.

No contexto brasileiro ainda não temos informações massivas sobre a prevalência, contudo, com o aumento de casos de tentativas de suicídios de crianças e adolescentes acredita-se que o problema possa vir a se tornar uma questão de saúde pública.  Dessa forma, agora que entendemos um pouco mais sobre o panorama da depressão infantil vamos ver como é feito o diagnóstico, lembrando que esse papel é essencialmente do médico e todo caso suspeito deve passar por uma avaliação.

Diagnóstico de Depressão Infantil

O diagnóstico da depressão infantil é feito com base no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5). Esse manual é uma referência mundial em transtornos mentais e suas escalas devem ser aplicadas por profissionais preparados para tal. Por isso, traduziremos os termos para deixar mais claro os sinais de alarme que os cuidadores devem estar alerta.

Segundo o manual, os sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas seguidas e representar uma mudança de comportamento significativo da criança. Além disso, pelo menos um dos sintomas abaixo devem estar presentes:

Sintomas Obrigatórios (pelo menos 1)

  1. Humor Deprimido (p. ex.: sente-se triste, vazio e sem esperança);
  2. Acentuada diminuição de prazer ou interesse em atividades do dia a dia;

Sintomas Complementares (pelo menos 4)

  • Perda ou Ganho de Peso;
  • Insônia ou hipersonia quase todos os dias;
  • Agitação ou retardo psicomotor;
  • Fadiga e perda de energia quase todos os dias;
  • Sentimento de inutilidade ou culpa;
  • Capacidade diminuída de pensar;
  • Pensamento de morte recorrentes;

 

Contudo, esses sintomas são mais fáceis de notar em crianças na idade escolar, naqueles que ainda não se encontram nessa fase o interessante é observar alguma mudança do comportamento que a criança está acostumada a ter. Dessa forma, abaixo listamos algumas alterações perceptíveis nas crianças menores de 12 anos:

  • Queixas somáticas: dor abdominal, cefaleia, náuseas, dores em membros inferiores;
  • Choro fácil;
  • Comportamento de roer unhas ou morder lápis, mutismo seletivo abrupto, maneirismos e tiques
  • Distúrbios do sono, como insônia, medo de dormir sozinho, pesadelos frequentes, terror noturno, sonolência excessiva;
  • Enurese noturna;
  • Recusa em ir à escola;
  • Dificuldades escolares e queda do rendimento escolar; 
  • Agitação, irritabilidade, agressividade; 
  • Comportamento opositor.

Entender os sinais é importante para garantir um olhar especial para crianças que os manifestam, entretanto, é interessante conhecer os fatores que podem influenciar a depressão infantil. Continue a leitura !

Fatores de Risco para a Depressão Infantil

Dentre os fatores de risco já documentados para a depressão infantil, encontram-se:

  • Problemas emocionais graves durante a gestação;
  • História familiar de depressão ou transtornos psiquiátricos;
  • Tentativa de suicídio em parente próximo;
  • Depressão materna;
  • Estresse tóxico na infância, incluindo agressões físicas, morais e verbais, excesso de cobrança, abuso sexual, falta de afeto e de presença qualitativa dos pais, exposição precoce ao trabalho infantil, perda recente da fi gura de referência (devido à morte ou separação), agenda mini executivo;
  • Cyberbullying;
  • Exposição excessiva às telas, como tv, tablets e celulares; 
  • Exposição a conteúdos inadequados ou violentos (por games, vídeos, fi lmes, desenhos e mensagens de texto);
  • Quadro de ansiedade excessiva;
  • Privação crônica de sono devido a horários inadequados de dormir e despertar e quantidade insuficiente de horas de sono pela faixa etária;
  • Terceirização da infância com redução do tempo de presença dos pais;
  • Oportunidades de brincadeiras restritas;
  • Pouca convivência com os pares;
  • Tempo ao ar livre e brincadeiras na natureza limitadas;

Alguns desses fatores são difíceis de serem modificados tendo em vista a rotina da família e a necessidade dos cuidadores de se ausentar por períodos grandes para provimento financeiro. Por isso, esse texto não tem a intenção de ensinar a fazer o diagnóstico e nem a culpabilizar os cuidadores, mas sim explicitar os fatores que muitas vezes podem ser modificados. Além disso, é possível também listar alguns fatores que podem ser utilizados para amenizar essas situações, vamos conhecer?

Fatores atenuadores de uma criança em risco

Algumas práticas utilizadas para atenuar o risco de depressão infantil, são elas:

  • organização da rotina de sono, com horário e tempo satisfatórios por idade; 
  • tempo e conteúdo de tela, de acordo com as recomendações por idade;
  • brincadeiras;
  • tempo qualitativo com os pais;
  • orientações a escola;
  • atividades físicas durante cerca de 60 minutos ao dia;
  • atividades de lazer;
  • técnicas de relaxamento ou “mindfulness”;

 

Comentários finais..

Por fim, como sempre frisamos, conhecimento é primordial! Esperamos que esse texto tenha ajudado os cuidadores a entender melhor quais os sinais que devem acender um alerta. Da mesma forma, perceber que a família exerce um papel fundamental na prevenção do quadro de depressão infantil é essencial para evitar que a criança desenvolva o quadro. Afinal, tudo que queremos é que nossas crianças cresçam de maneira saudável e com a saúde mental tão bem quanto a física.

Que tal conhecer mais conteúdos sobre saúde infantil? Acesse nosso blog!

 

Um abraço!

 

Referências

American Psychiatric Association. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais.

Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento. Depressão na infância e adolescência;

UpToDate. Visão geral da prevenção e tratamento da depressão pediátrica.

 

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