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Shantala em bebês: como e por que fazer massagem?

Desde a vida intrauterina, o bebê é massageado por meio dos movimentos que a mãe faz e que são transmitidos até ele por meio do líquido amniótico. Quando vem ao mundo, a pele continua sendo seu grande órgão de experiências sensoriais, já que sentidos como a visão ainda são poucos desenvolvidos. E é justamente no poder do tato, portanto, que mora toda a potencialidade da massagem shantala em bebês.

Assim como no caso da acupuntura, os estudos científicos sobre a shantala ainda são tímidos, mas apontam para vários benefícios sobretudo bebês sindrômicos. Entre eles, pode-se mencionar o estímulo ao desenvolvimento motor, a melhora da irritabilidade e o fortalecimento da relação mãe-bebê.

Aqui, você vai conhecer melhor a definição e as técnicas usadas na shantala. Vamos te apresentar, também, motivos para aplicá-la no seu filho. Vem com a gente!

shantala em bebês

O que é shantala?

A shantala é uma técnica indiana de massagem em bebês, que foi difundida pelo obstetra Frances Frederich Leboyer na década de 70. Nessa modalidade, o bebê fica peladinho no colo da mãe, enquanto ela faz movimentos suaves e lentos em sua pele. 

Nesse sentido, o toque tem valor terapêutico, porque os estímulos enviados pelos receptores táteis desencadeiam uma série de respostas via sistema nervoso autônomo. À exemplo disso, ocorre regulação da temperatura corporal e da pressão sanguínea. 

Como realizar a massagem shantala em bebês?

Passo 1: prepare o ambiente

Na hora de uma crise de choro do bebê, as mães tendem a pular essa parte e a ir direito para o 2º passo. Não faça isso. A shantala pressupõe a criação de um estado de receptividade total da criança frente aos estímulos do ambiente e, por isso, tudo na experiência conta.

Assim, procure o ambiente mais tranquilo da casa e ajuste deixe a iluminação aconchegante. Na sequência, use um colchonete ou colchão como apoio para iniciar a massagem. 

A posição ideal para a shantala em bebês é com a mãe sentada de pernas esticadas e o bebê apoiado sobre elas, porque isso cria contato pele-com-pele. Embora o ideal seja deixar o bebê peladinho durante a prática, é recomendado deixar uma mantinha cobrindo a parte do corpo que não está sendo massageada em dias mais frios.

Outro detalhe super importante é não esquecer de retirar anéis, aliança e outras bijuterias, que podem ferir a pele do bebê ou causar dermatite de contato. Finalmente, esfregue as mãos uma na outra para esquentá-las e unte-as com óleo vegetal.

A escolha do óleo de massagem

Óleos essenciais, quando verdadeiros, não contêm parabenos e outras substâncias sintéticas; são fitoterápicos puros. Mesmo sendo completamente naturais, podem causar irritação quando em contato direto com a pele. Portanto, procure se informar quais óleos de quais plantas são indicados para esse tipo de aplicação.

Se não quiser correr o risco de errar, indicamos o uso do óleo de massagem feito com lavanda e semente de uva da Noeh por Bottane. Ele foi desenvolvido propriamente para ser aplicado sobre a pele, ajudando a aliviar cólicas e a acalmar o bebê. Além disso, ele pode ser usado no tratamento de brotoejas e assaduras. O óleo é natural feito em ateliê artesanal em BH.

Passo 2: a cabecinha

Iniciamos a shantala em bebês deslizando as mãos dos dois lados da cabeça, no sentido têmporas-queixo, como se fosse um carinho mesmo. Depois, apoiamos todos os dedos das duas mãos na parte de trás da cabecinha dele e, apenas com o polegar, fazemos movimentos circulares nas têmporas.

Na sequência, ainda com o dedo, fazemos um movimento circular em torno dos olhos do bebê. Pronto? Então agora, desenharemos o número 8 partindo da testa, indo até o nariz e, logo depois, ao queixo. Em outras palavras, é como se você estivesse desenhando dois números “3” no rostinho do bebê com cada polegar, sendo um deles invertido.

Finalmente, a massagem facial da face termina com uma massagem na parte de trás do pavilhão de cada orelhinha, com um dedilhado leve.

Passo 3: tórax e membros superiores

A massagem segue para o peitinho do bebê. Nessa região, o fluxo do movimento é sempre proximal-distal, isto é, se inicia no centro do tórax e vai em direção às axilas e, depois, em direção aos ombros. Esses movimentos devem ser repetidos de 5 a 10 vezes antes de partir para os membros.

Ainda no tórax faça uma letra “x”, sendo que cada uma das “pernas” da letra é separadamente com uma de suas mãos. O movimento começa na parte baixa do tórax e se estende por todo o bracinho do bebê, até as mãos.

Na sequência, circunde suas mãos em torno do braço do bebê próximo às axilas e deslize-a até as mãos dele algumas vezes, passando o bracinho dele de uma mão para a outra cada vez que chegar até à extremidade. Agora, faça um bracelete em torno do pulso do bebê com uma mão e, com a outra, circunde o bracinho na altura dos ombros. Agora, leve uma mão de encontro à outra, fazendo movimento de rosca. Repita o movimento nos dois bracinhos. 

Quando chegar às mãos, use o seu polegar para fazer os movimentos e não mais a sua mão inteira. Com seu dedo, parta da palma da mão do bebê com movimentos em direção aos dedos. Para finalizar, puxe de levinho cada um dos deles e depois aperte-os com delicadeza.

 

Passo 4: foco no abdômen

Essa é a parte mais importante do corpo, se o seu objetivo é aliviar cólicas. Para isso, posicione ambas as mãos na altura do peito do bebê e deslize-as em direção à genitália. Em seguida, com seus dedos massageie em torno do umbigo até sentir que o abdômen ficou mais solto.

Agora, vamos fazer o movimento de catavento. Uma das mãos faz um movimento circular, como se estivesse passando um pano e, quando seu espaço acaba, a outra mão reinicia o mesmo movimento. Aqui, é essencial que você sempre faça os movimentos no abdômen no sentido horário (a favor do relógio), se o objetivo é soltar o intestino. Repita a massagem de 3 a 6 vezes.

Além disso, você pode lançar mão de mais uma manobra. Pegue o tornozelo do pequeno e encoste a sola de um pé na sola do outro. Os joelhos, automaticamente, vão se voltar pra fora. Estabilize as perninhas nessa posição com sua duas mãos e, na sequência, impulsione-as em direção ao abdômen. Essa é a Padmasana, também conhecida como posição de lótus.

Passo 5: membros inferiores

Chegamos às perninas. De novo, com sua mão em formato circular deslize-a ao longo das pernas, revezando entre as mãos. Depois, repetimos o movimento de rosca que fizemos nos braços. Agora, você vai partir da base da coxa em direção aos tornozelos, ao longo de toda a extensão da perna. 

 

 

Por fim, os pés são massageados com seu polegar, assim como as mãos. A ideia é a mesma: ir puxando e apertando cada dedinho com cuidado. A base do pé também deve ser massageada do calcanhar em direção aos dedos, alongando-a. Nada de força, hein?

Passo 6: o dorso

É hora de virar o neném e colocá-lo de bruços sobre suas pernas. Em seguida, posicione as duas mãos na altura dos ombros e vá descendo até os quadris do bebê. Na sequência, faça o movimento inverso; de baixo para cima. Agora combine ambos os movimentos levando uma mão de encontro à outra no meio do dorso da criança.

No final, faça aquele movimento de rolinho de novo, e dê batidinhas suaves em toda a extensão das costas. Voilà! Todo o corpinho foi estimulado!

Por que fazer a massagem shantala em bebês?

Melhora o vínculo materno

Afeto entre mãe e seu filho

Como dissemos, o momento da massagem propicia contato pele-a-pele entre mãe e bebê, o que remete à sensação de aconchego da vida intrauterina. Além disso, a massagem é interpretada pelo pequeno como uma forma de carinho e proteção. A depender da região estimulada, a criança também passa a ter consciência do seu próprio corpo e da sua própria existência. 

Tudo isso se mostra particularmente útil em estudos que avaliam a técnica em bebês com Síndrome de Down. Isso porque o diagnóstico é muito impactante para as mães, que costumam ter dificuldades relativas às expectativas de desenvolvimento e socialização dos seus filhos. Assim, o desenvolvimento de um vínculo afetivo forte tem o potencial de tornar menos conflituosa a relação dessa criança com a família ao longo da vida.

Estimula o ganho de peso

A literatura científica apontou para benefícios da shantala em bebês internados em unidade de terapia intensiva. No estudo em questão, crianças prematuras que receberam massagem por 15 minutos uma vez por semana, durante 60 dias, ganharam peso ao final do período de avaliação, além de reduzido seu tempo de internação hospitalar. 

A explicação disso passa pelo fato de que a manipulação da pele estimula a circulação do sangue, melhorando o suprimento de oxigênio e nutrientes para os tecidos do corpo. Outra hipótese que explica o resultado é o aumento de hormônios gastrintestinais.

Fomenta o aprendizado motor

A técnica indiana também apresentou bons resultados relativos à melhora do tônus muscular dos membros superiores e da capacidade de controle do pescoço e da cabecinha. Na sequência, listamos outras áreas do desenvolvimento motor que também foram aprimoradas pela aplicação da massagem:

  • desenvolvimento da linguagem;
  • preensão manual;
  • transferência de objetos entre as mãos;
  • controle do tronco;
  • apoio para a marcha.

De fato, a maioria dos estudos avaliou esses benefícios em crianças com necessidades especiais, já que elas tendem a se engajar menos em interações com o ambiente e com outras pessoas. Isso decorre, além da dificuldade de registrar os estímulos, das limitações motoras que as impedem de explorar os espaços que ocupam. 

Ainda assim, é possível afirmar que a shantala em bebês promove, sim, uma experiência prazerosa de uso efetivo do corpo, o que torna a interação mais recompensadora para o bebê. No que diz respeito às crianças sem doenças de base, as evidências, embora tímidas, mostram também melhoria do desenvolvimento motor grosso.

Alivia cólicas e proporciona sono tranquilo

Bebê descansando

Você se lembra que uma boa parte das manobras da shantala em bebês se concentra na parte do abdômen, não é? Não é à toa que o alívio de cólicas é o principal motivo pelo qual as mães recorrem à massagem. Decerto, as crianças parecem melhorar bastante com a técnica.

Por um lado, isso acontece porque a shantala parece reduzir a produção de neurotransmissores envolvidos na agitação, como a adrenalina, e de hormônios relativos ao estresse, como o cortisol. Por outro lado, ela ativamente melhora a produção de neurotransmissores envolvidos nos mecanismos de prazer e bem-estar.

Consequentemente, as crianças se sentem mais tranquilas, relaxadas e apresentam um sono de melhor qualidade após as sessões de shantala. Há relatos, inclusive, de que o sono se tornaria mais resistente a barulhos externos e de que a amamentação também é favorecida.

Em suma, a shantala em bebês apresenta inúmeros benefícios, sobretudo durante o primeiro ano de vida. Isso porque é nessa fase que eles costumam sofrer mais com as cólicas, e também é quando está ocorrendo o desenvolvimento motor.

Não podemos menosprezar, contudo, a importância dessa prática no que diz respeito ao fortalecimento do vínculo com os pais e ao condicionamento de um comportamento mais mais tranquilo. 

Vale lembrar, ainda, que o ambiente afetivo e a sensação percebidos pela criança têm impactos moleculares reais em seu sistema nervoso central. Isso ajuda a moldar as sinapses, e terá forte relação, mais tarde, com a personalidade e a prevenção de distúrbios psiquiátricos.

Se você é adepta das práticas integrativas complementares, não deixe de conferir nosso post sobre aromaterapia para bebês. Corre lá!

Noeh, tecnologias para cuidar da vida!

Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar!

Um abraço apertado, com carinho da Noeh

Referências

  • BARBOSA, Karina Crepaldi et al. Efeitos da shantala na interação entre mãe e criança com síndrome de down. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. [online]. 2011, vol.21, n.2 [citado  2020-06-16], pp. 356-361 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822011000200018&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0104-1282.
  • Shantala no desenvolvimento motor grosso de lactentes. Tese de Larissa de Souza, USFC.
  • Childhood neglect predicts the course of major depression in a tertiary care sample: a follow-up study. BMC.

 

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