A cada dia, o mundo passa por mudanças e levanta novos questionamentos acerca dos papéis masculino e feminino na sociedade. Sem dúvidas, uma das reflexões envolve a paternidade, com todos os seus aspectos psicológicos e sociais.
É um momento muito importante na vida de um homem, no qual ele deixa de ser apenas filho e transforma-se em pai. O vínculo criado vai muito além de apenas uma relação biológica. Ele envolve, principalmente, a parentalidade, ou seja, ser suficientemente bom para o filho.
A construção deste elo entre pai e filho inicia na gestação e vai sendo desenvolvida com o tempo. A princípio, pode ser desafiador e gerar instabilidade, mas vamos ver ao longo do texto como é possível o envolvimento do pai desde a gestação até o puerpério!
Abram as portas para os papais grávidos!
A gestação é um momento muito importante para construção da paternidade. De fato, existem percepções diferentes sobre o processo, as quais retratam os anseios paternos. Por um lado, há aproximação de muitos pais, por considerarem como uma concretização no relacionamento.
Por outro lado, alguns homens podem se sentir excluídos, principalmente por não vivenciarem fisicamente as etapas da gravidez. Além de tudo, a carga emocional pode revelar alguns medos frente aos novos desafios na vida do casal.
Vale reforçar desde já que a gestação não é um processo exclusivo da mulher. Embora este pensamento pareça óbvio, muitas vezes a assistência foca apenas no binômio mãe-baby, o que pode afastar ainda mais o pai.
A gestação é uma etapa crucial para construção das identidades, seja materna, seja paterna. Então, é muito importante aproximar o companheiro, de modo que ele também possa compartilhar as vivências deste momento.
Por mais que ele não viva diretamente os processos biológicos, algumas competências podem ser repassadas, com medidas de proteção e cuidado. Com o decorrer da gestação, a experiência vai ser tornar mais concreta, principalmente quando iniciar os movimentos fetais.
Porém, precisamos ressaltar alguns fatores que dificultam o envolvimento do pai durante a gravidez:
- falta de amparo da legislação para flexibilização no horário de trabalho;
- desconhecimento sobre os processos gestacionais;
- exclusão por parte da equipe ou da família.
O importante é não deixar com que estes aspectos enfraqueçam o vínculo com a mulher e o baby. A aproximação, o acompanhamento, a preocupação e o amor contribuem para construção da paternidade e refletem positivamente no bem-estar da família como um todo.
A chegada mais esperada: o parto!
Quanto mais próximo do nascimento, mais ocorre a intensificação de sentimentos. A ansiedade começa a ganhar espaço e os receios sobre a nova rotina também. Há, ainda, um grande temor relacionado à saúde da mulher e do filho durante o parto.
Todo aquele vínculo iniciado na gestação será muito importante neste momento. Isso porque o companheiro vai contribuir para a segurança emocional da mulher, além de facilitar na concretização de uma paternidade participativa.
Porém, é preciso reforçar mais uma vez a necessidade de oferecer espaço para a participação masculina mesmo durante o parto. Sabe-se que a construção social ainda estabelece alguns papéis sexuais (masculino e feminino) que, aos poucos, estão evoluindo.
Então, abrir espaço para que o homem aprenda mais sobre o processo, contribui para que ele se desvincule da postura passiva e se transforme em agente ativo no parto.
Nesta perspectiva, já foram analisados 3 tipos de comportamentos paternos durante o nascimento do filho:
- presença passiva: dificuldade de permanecer ao lado da parturiente e interagir com ela;
- acompanhante de referência: está mais disponível para apoiar, porém precisa de maiores orientações;
- acompanhante ativo: acompanha continuamente, acolhendo e confortando espontaneamente.
Mas, afinal, como é possível ser fonte de apoio da mulher? Nesta perspectiva, a linguagem é um recurso importante. Por meio de conversas, elogios e falas de encorajamento, o parceiro consegue incentivar a mulher no durante o processo do parto.
Além do aspecto verbal, outras atitudes reforçam o papel do homem como suporte importante nas etapas do parto, como:
- oferecer carinho à mulher;
- ajudar na deambulação;
- fazer massagens para aliviar a dor e relaxar;
- auxiliar na mudança de posição.
Um novo morador chegou!
Finalmente o baby nasceu! É o momento em que todas as idealizações da gestação começam a ser colocadas em prática. De fato, a rotina dos pais vai passar por mudanças associadas à necessidade de renunciar determinadas atividades.
Então, os desafios começam a crescer no puerpério. As 10 primeiras semanas são percebidas praticamente da mesma forma pelo pai e pela mãe: ambos apresentam incertezas e medos diante do aumento das responsabilidades.
Antes do parto, todas as necessidades do bebê eram supridas dentro da barriga da mãe. Agora, aumenta a responsabilidade materna e paterna de assegurar nutrição, proteção e socialização para o baby — e isso pode custar algumas noites de sono e dificuldade de organização!
Além disso, os pais de primeira viagem vão se deparar com situações muitas vezes inéditas na vida de cada um deles. Afinal, quem já acompanhou a evolução de um coto umbilical antes do nascimento do filho?
Outro ponto importante do puerpério é a construção de uma estrutura familiar. Dessa forma, assim como nas etapas anteriores, a construção dos vínculos e valores apresenta destaque especial.
Novamente, é preciso reforçar que a responsabilidade do cuidado não é de exclusividade materna. É normal que pai se sinta ansioso, mas ele não pode deixar com que o medo de estar despreparado o faça se afastar da criação e assumir o comportamento mais tradicional.
Buscando espaço na paternidade!
Portanto, vamos destacar alguns fatores capazes de facilitar a interação entre pai e filho:
- incentivo por parte da mãe;
- boa experiência com o próprio pai;
- identificação com a parentalidade;
- se apropriar de algumas rotinas da criança;
- resposta do filho frente às interações do pai.
Assim como existem fatores para facilitar o estreitamento do vínculo, existem outros que dificultam a interação, como:
- falta de tempo e excesso de trabalho;
- cansaço excessivo;
- falta de paciência com o filho;
- deixar que a insegurança sobressaia;
- exclusão ou desaprovação da mãe frente ao que é feito pelo pai.
Resumindo…
Em suma, a paternidade deve ser estimulada em cada etapa, desde a gestação até o puerpério. Os pais insatisfeitos podem se afastar dos filhos até mesmo por se julgarem incapazes e/ou desnecessários, recaindo sobre a mãe toda responsabilidade de cuidado. Ao longo do texto, mencionamos diversos aspectos para estimular a construção da parentalidade. Por fim, vamos dar uma dica bônus: o podcast Tricô de Pais! Ele é produzido por 3 pais e, junto aos convidados, discutem sobre as vivências da paternidade ativa. Não deixe de ouvir!
Ah, você viu que o puerpério é uma fase desafiadora, certo? Então, venha entender mais sobre o assunto!
Noeh, tecnologias para cuidar da vida!
Espero que tenham gostado! Se tiver dúvida é só perguntar aqui nos comentários que iremos responder!
Um abraço apertado, com carinho da Noeh
Referências
RIBEIRO, Juliane Portella; GOMES, Giovana Calcagno; SILVA, Bárbara Tarouco da; CARDOSO, Letícia Silveira; SILVA, Priscila Arruda da; STREFLING, Ivanete da Silva Santiago. Participação do pai na gestação, parto e puerpério: refletindo as interfaces da assistência de enfermagem. Espaço Para A Saúde – Revista de Saúde Pública do Paraná, [S.L.], v. 16, n. 3, p. 73-82, 31 out. 2015.
OLIVEIRA, Eteniger Marcela Fernandes de; BRITO, Rosineide Santana de. Ações de cuidado desempenhadas pelo pai no puerpério. Escola Anna Nery, [S.L.], v. 13, n. 3, p. 595-601, set. 2009. FapUNIFESP (SciELO).