Olá, que bom ter você de volta ! Você conhece o estresse tóxico?! Ainda não ?! Pois hoje falaremos um pouco mais desse problema que está sendo magnificado pela quantidade de informação e tecnologias na atualidade. O neurodesenvolvimento das crianças está intimamente ligado aos estímulos que elas recebem ao longo do crescimento e, vivenciar experiências traumáticas pode causar danos ao seu desenvolvimento e aprendizado.
O objetivo deste artigo é fornecer uma definição clara do estresse tóxico e explorar o papel crucial dos pais, cuidadores e pediatras na prevenção e gerenciamento de situações estressantes para crianças. Reconhecemos a importância do acompanhamento regular por meio de consultas de puericultura e ressaltamos a necessidade de relatar e avaliar todas as queixas junto ao pediatra. No entanto, é importante salientar que é impossível manter um ambiente completamente controlado e, em alguns casos, até mesmo pouco saudável. Apesar disso, é fundamental observar de perto algumas variáveis específicas.
Sem mais delongas! Vamos ao conteúdo!
O que é o estresse tóxico?
Toda criança, ao longo de seu desenvolvimento, inevitavelmente se depara com uma série de circunstâncias que podem desencadear estresse. Essas situações podem variar desde eventos cotidianos até eventos mais significativos em suas vidas. No entanto, é crucial compreender que esse tipo de exposição ao estresse é uma parte natural e esperada do processo de crescimento.
À medida que os pequenos enfrentam esses desafios, eles também possuem recursos internos que lhes permitem lidar com o estresse de forma saudável e adaptativa. Esses mecanismos fisiológicos são parte integrante do desenvolvimento infantil e ajudam as crianças a regular suas emoções e reações diante das adversidades.
No entanto, há momentos em que a quantidade ou intensidade do estresse vivenciado pela criança ultrapassa sua capacidade de autorregulação. Nesses casos, é quando nos deparamos com o conceito de estresse tóxico. O estresse tóxico ocorre quando a criança é exposta a uma carga excessiva e contínua de estressores, que sobrecarrega seus recursos de enfrentamento e pode ter efeitos prejudiciais em seu bem-estar físico e emocional.
Nesse contexto, cabe aos cuidadores desempenharem um papel essencial na gestão da exposição da criança ao estresse. Agora que sabemos o que é o estresse tóxico vamos entender um pouco mais sobre como ele pode afetar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
Quais as consequências do estresse tóxico?
O funcionamento do corpo humano envolve a comunicação por meio de sinais químicos chamados hormônios. Um desses hormônios é o cortisol, também conhecido como hormônio do estresse. Esse mediador desempenha uma função fisiológica importante quando presente em níveis regulados. No entanto, quando o cortisol está em excesso, pode causar efeitos indesejados no organismo.
Estudos têm comprovado que altos níveis de cortisol em crianças podem afetar negativamente as conexões sinápticas e prejudicar o desenvolvimento do pensamento e da cognição. Essa exposição prolongada ao estresse tóxico pode ter um impacto significativo no desenvolvimento saudável da criança.
Além disso, as crianças expostas ao estresse tóxico têm uma maior predisposição ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial. Além disso, também há uma maior probabilidade de surgimento de problemas neuropsiquiátricos, dependência química, déficit de atenção e transtorno do espectro autista.
Essas consequências adversas ressaltam a importância de minimizar a exposição ao estresse tóxico na infância, promovendo um ambiente seguro, estável e saudável para o crescimento e desenvolvimento saudáveis das crianças. Por isso, é fundamental que pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais de estresse excessivo nas crianças e adotem medidas preventivas para mitigar seus efeitos negativos. Vamos ver algumas estratégias que podem ser utilizadas para minimizar esse problema?
Estratégias de Prevenção do Estresse Tóxico
Pouco se discute sobre estratégias de prevenção do estresse tóxico, entretanto, é importante reconhecer o papel de todas as pessoas na criação de um ambiente controlado para evitar o estímulo excessivo às crianças. Dessa forma, criar um ambiente saudável com interações sociais equilibradas e evitando expor os menores a conflitos desnecessários é mandatório.
Além disso, é importante regular o tempo de tela das crianças. Conforme já abordamos por aqui, esse uso excessivo de novas tecnologias pode ser nocivo para as crianças.
Abaixo listamos algumas dicas retiradas do site da Sociedade Brasileira de Pediatria:
- Rastreamento de crianças vulneráveis ao ET para que a família receba orientações;
- Educação parental;
- Orientação sobre rotina saudável na infância;
- Orientação sobre cuidados com os filhos;
- Orientação sobre como estimular as crianças em cada etapa do neurodesenvolvimento;
- Facilitação do relacionamento mãe-filho e pai-filho;
- Terapia familiar;
- Identificação, notificação e acolhimento de crianças que sofrem ET;
- Prevenção do abuso infantil;
- Aconselhamento dos pais quanto ao manejo comportamental adequado na educação dos filhos;
- Redução do número de atividades dos filhos quando estiverem excessivas;
- Preparação dos pais para que identifiquem comportamentos indevidos dos filhos;
- Preparação dos pais para manterem boa relação com os filhos;
- Desenvolvimento de habilidades e aumento da segurança dos pais;
- Incentivo à convivência saudável entre pais e filhos;
- Ensino da importância de reservar mais tempo para estarem com seus filhos;
Alguns comentários finais…
Ao refletirmos sobre as informações apresentadas neste texto, t
orna-se evidente que o estresse tóxico é um problema intrínseco ao mundo contemporâneo. Diante disso, cabe a todos nós a responsabilidade de assegurar um ambiente harmonioso para todas as crianças, promovendo um desenvolvimento sustentável e feliz.
É imprescindível que cada indivíduo, independentemente de sua posição na sociedade, reconheça a importância de contribuir para a construção de um ambiente propício ao bem-estar infantil.
Gostou desse conteúdo ?! Que tal acompanhar mais alguns tópicos em nosso blog?!
Até a próxima!
Referências
O papel do pediatra na prevenção do estresse tóxico. Sociedade Brasileira de Pediatria
Negligência Infantil: avaliação e gestão. UpToDate
Estresse tóxico. Fundação Maria Emília Vidigal