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O testículo não desceu? Entenda a criptorquidia!

A jornada vivida dentro da barriga da mamãe é um momento crucial de desenvolvimento. O principal deles está associado com a anatomia, seja na formação, seja no posicionamento dos órgãos. Mas o que a criptorquidia tem a ver com isso?

De antemão, vamos começar desvendando a palavra… “Cripstos” quer dizer “oculto” e “orqui” significa testículo. Portanto, a criptorquidia é uma condição que a afeta os babies do sexo masculino, principalmente os prematuros. 

Mas se o testículo está oculto, onde é que ele foi parar? Para desvendar este mistério e descobrir qual o tratamento, é preciso conhecer mais sobre a formação intrauterina. Continue a leitura e saiba mais!

Entenda como é a formação dos testículos

Como foi dito, existem 2 momentos essenciais durante a gestação: a formação dos órgãos e o posicionamento deles. Nem tudo é formado na região habitual, que observamos durante o nascimento de uma criança saudável. O mesmo vale para os testículos!

As gônadas masculinas são desenvolvidas na região abdominal. Portanto, é preciso que haja a migração delas para a região da bolsa testicular. Tal migração é um longo processo, que pode ser concluído no último trimestre ou mesmo após o nascimento.

Você já pode imaginar a complexidade disso tudo, não é mesmo? Por isso, existe uma estrutura chamada gubernáculo capaz de orquestrar toda essa movimentação. Porém, da mesma forma que a migração inicia, ela também pode ser interrompida durante o processo.

Mas isso vamos explicar melhor depois… agora, você precisa saber, ainda, que o posicionamento dos testículos tem tudo a ver com a fertilidade. Isso porque os espermatozoides devem ser produzidos em um local mais frio que o restante do corpo.

Assim, se os testículos ficassem no abdome, a temperatura não seria favorável para produção de gametas. Em suma, é essencial a migração dos testículos para a bolsa testicular.

Saiba o que é a criptorquidia

Enfim, é agora que a condição aparece! A cripotorquidia ocorre quando há interrupção na migração dos testículos e, consequentemente, a ausência dele na bolsa testicular.

Ela afeta cerca 4% dos recém-nascidos a termo e até 45% dos babies prematuros. Viu como o tempo é essencial para o processo?

Continuando nas estatísticas, 70% dos casos ocorre apenas de um lado e o direito é o mais acometido. Porém, é importante ressaltar que a grande maioria são palpáveis, ou seja, embora não tenha descido, é possível saber qual a localização apenas pelo toque.

A criptorquidia pode ser diagnosticada logo após o nascimento ou ao longo do período neonatal. A título de curiosidade, vale a pena conhecer a criptorquidia recorrente, na qual o testículo pode até descer, mas logo ele retorna para outra posição.

Dentre os fatores de risco, você já conhece o primeiro: a prematuridade. Podemos citar alguns outros, como:

  • história familiar da condição;
  • tabagismo na gestação;
  • baixo peso ao nascer.

Veja como é feito o diagnóstico de criptorquidia

Agora que você já sabe o que é a condição, vamos entender como é feito o diagnóstico. Primeiro, a suspeita é levantada a partir da ausência da gônada na bolsa testicular. Dessa forma, o diagnóstico é essencialmente clínico.

Porém, a história pregressa e o exame físico são importantes para corroborar a hipótese e dar continuidade na abordagem. Alguns cuidados são necessários no momento do exame:

  • mãos e ambiente aquecidos;
  •  análise de possível assimetria – sugere acometimento unilateral;
  • palpação da bolsa testicular por último.

Isso mesmo, a partir do momento que é detectada a assimetria, é indicado deslizar os dedos ao longo do trajeto de migração. Mas isso fica para o profissional! O que os pais precisam saber é que, por vezes, um exame complementar é necessário.

Neste caso, o ultrassom não tem uma acurácia muito boa para detectar o local do testículo oculto. Ao mesmo tempo, a ressonância é muito indicada para localizar testículos ainda em topografia abdominal.

Conheça as formas de tratamento

Enfim, chegamos ao momento de tratar! Se o diagnóstico for realizado em tempo hábil, logo o tratamento cirúrgico pode ser implementado para colocar o testículo no local correto.

Embora o procedimento precoce seja realizado, a intervenção não deve ser feita antes dos 6 meses. Isso porque a migração testicular pode ocorrer até o 1º semestre de vida do baby. Mas não se esqueça: o mais indicado é realizar até 1 ano e 6 meses.

A cirurgia para posicionamento correto é chamada de orquidopexia. Quando bem indicada e realizada corretamente, o crescimento testicular é restaurado e a criança desenvolve sem problemas.

Além de fixar a gônada, o cirurgião também vai lançar mão de medidas que diminuem o risco de hérnia inguinal e hidrocele.

Porém, se o diagnóstico não for realizado em tempo hábil, não é possível tratar a condição no momento ideal. Nestes casos, a cirurgia será a orquiectomia, ou seja, a retirada do testículo acometido.

Descubra quais os impactos

Ao entender melhor a criptorquidia e qual a forma de tratamento, é importante refletir quais as consequências para os pequenos. Primeiro, tenha em mente que nem todas são imediatas. Na verdade, muitas delas são a longo prazo.

Se o testículo oculto não for posicionado corretamente há um maior risco de malignização e desenvolvimento de neoplasias. Apesar de ser um impacto tardio, não deixa de ser preocupante e reitera a necessidade da cirurgia.

Aqui, além da possibilidade de se tornar um câncer, ainda tem o risco de torções, formação de hérnias e, claro, infertilidade. As estatísticas indicam que até 50% dos pacientes  com criptorquidia bilateral serão inférteis. A taxa sobe para 75% nos casos bilaterais.

Sendo assim, de maneira geral, a cirurgia de correção possibilita o desenvolvimento adequado e melhora a função reprodutiva. Além disso, diminui o risco de malignização e, ainda, previne outras condições, como hérnias e torção.

Enfim, podemos concluir que a criptorquidia é uma anomalia comum do desenvolvimento. Sabemos que no início pode assustar os pais, mas a orientação adequada e o esclarecimento das dúvidas fazem toda a diferença na condução do caso.

Então, ficam 2 valiosas dicas! A primeira, é procurar ajuda médica ao detectar algo diferente no corpo do baby. A segunda, é implementar o tratamento o quanto antes!

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Referências

Criptoquirdia ou testículos não descidos: uma visão geral. PortalPed.

Criptorquidia. Sociedade Brasileira de Urologia.

Criptorquidismo. Sociedade Brasileira de Pediatria.

 Diretrizes para a urologia pediátrica. Portal da Urologia.

Criptorquia: compreendendo os benefícios da cirurgia precoce. Boletim Científico de Pediatria.

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