Seu filho costuma respirar pela boca? Tem constantes crises alérgicas? Sofre muito com infecções de garganta ou ouvido? Bem, pode ser que tudo isso esteja relacionado com a adenoide. Mas, afinal, o que é adenoide?
Antes de tudo, você precisa entender que durante a infância os pequenos passam por um desenvolvimento muito importante. Nessa perspectiva, um dos sistemas que mais amadurece é o sistema imunológico, ou seja, a defesa do organismo.
Porém, as tonsilas faríngeas, conhecidas popularmente como adenoide, podem apresentar um aumento exacerbado. Isso gera uma série de consequências e representa uma queixa comum dos pais para os pediatras. Saiba mais!
Entenda o que é adenoide
O sistema imune é o grande responsável pela defesa do nosso organismo. Ele é composto por uma série de estruturas: desde as pequeninas células até os aglomerados de tecido linfóide. Existe, ainda, a chamada linfa, que percorre o corpo inteiro por meio dos vasos linfáticos.
De modo geral, é a forma como o corpo se organiza para se manter sempre protegido. Porém, vale ressaltar que alguns locais podem ser uma porta de entrada perigosa para microorganismos.
A boca, por exemplo, é um desses locais. Afinal, por ser uma cavidade, pode entrar em contato direto com o meio externo. Não é à toa que a região da cabeça e pescoço concentra um elevado número dos chamados gânglios linfáticos.
Um dos aglomerados de tecido de defesa localizado na região são as famosas tonsilas. As tonsilas palatinas, por exemplo, são conhecidas como amígdalas. Já as tonsilas faríngeas são quem nos interessa — a adenoide!
Ela se desenvolve até o sétimo mês de vida e tende a aumentar até os 6 anos de idade. Aproximadamente no nono ano de vida, tende a passar por uma involução e diminuir. Mas o que acontece se ela se manter em um tamanho aumentado?
Veja quais os principais sintomas
Existem alguns sinais e sintomas que podem sugerir um aumento da adenoide. O mais característico deles é conhecido como respirador oral. Neste caso, a adenoide vai ser tão grande a ponto de obstruir parcialmente a passagem de ar.
Logo, o pequeno tende a respirar pela boca, de modo que ela fique permanentemente aberta. Porém, não é só isso que a obstrução parcial causa. Como o ar vai ter dificuldade para passar, sobretudo à noite, a criança pode desenvolver alguns problemas com o sono.
Um dos distúrbios mais importantes é a síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono. Nós vamos conversar melhor sobre isso mais pra frente, mas saiba que essa síndrome representa um sono descontínuo, de modo que o baby não descansa.
Sendo assim, não é raro que os pais observem roncos noturnos na criança e que, no dia seguinte, ela se mantenha sonolenta. Outras características comuns são:
- fala mais anasalada;
- lábio superior posicionado mais à frente;
- lábio inferior pouco desenvolvido.
Saiba como é feito o diagnóstico
Como vimos, os sintomas de uma adenoide aumentada são bem característicos. Portanto, a história que os pais relatam tem grande valor. Afinal, são eles que percebem alguma característica diferente no convívio com os pequenos.
Geralmente, isso vai ter muito a ver com o sono. Aquela criança que ronca a noite, que não dorme direito e se mantém sonolenta durante o dia tende a levar os pais para a mesma situação. Portanto, eles também se mostram ansiosos e cansados.
Outra característica recorrente é o maior número de infecções de vias aéreas superiores. Em outras palavras, a rinite é o quadro mais comum associado. Logo, vai ser uma criança com bastante secreção nasal, seja ela aquosa, seja ela esverdeada.
Além do comportamento, a radiografia de cavum também tem seu valor para detectar o aumento da adenoide. A partir dela, é possível classificar de 1 a 4 de acordo com o aumento.
Se necessário, a polissonografia também ajuda no quadro, porém faz uma avaliação da qualidade do sono.
Descubra se há tratamento
Diante de tudo que vimos, podemos concluir que existe uma série de condições associadas com um aumento de adenoide. Dessa forma, o primeiro passo do tratamento é buscar soluções para melhorar a qualidade de vida.
Logo, uma das principais metas é diminuir o número de crises de rinite alérgica e, ainda, melhorar o sono dos pequenos. Para isso, os pais devem acompanhar de perto com um especialista, a fim de receber o melhor tratamento possível para evitar crises.
Já em relação ao sono, é fundamental manter o peso da criança em uma faixa adequada. Porém, não é a única medida possível. Existem dispositivos como CPAP e aparelhos orais que contribuem muito para evitar os despertares da apneia do sono.
Mas, afinal, adianta tratar apenas as consequências? Ou você acha que é preciso fazer uma abordagem na adenoide? Bem, em muitos casos, há sim indicação para remoção cirúrgica.
De fato, o número de procedimentos reduziu muito ao longo dos anos, mas não devem ser totalmente descartados. Se houver uma obstrução importante das vias aéreas superiores ou a criança manter sempre um quadro infeccioso, é possível realizar a remoção.
Então, se os pequenos mantêm rinossinusites recorrentes ou infecções de ouvido, não deixe de levar ao pediatra para melhor avaliação!
Conheça os riscos da condição
Por fim, os riscos de uma adenoide aumentada são justamente as condições que as acompanham. A hipertrofia das tonsilas faríngeas representa a principal causa de apneia do sono em crianças.
Essa apneia, ou falta de ar, pode ser classificada em diferentes graus. No mais simples, a única manifestação é o ronco, sem que a criança desperte ou sem que prejudique a oxigenação do sangue.
Porém, em graus mais graves, a criança pode ter pequenos despertares noturnos ou mesmo abaixar a concentração de oxigênio do sangue. Tudo isso aumenta o esforço respiratório e resulta em um sono mais agitado, sem que as crianças consigam descansar.
Outro risco associado são as infecções, que ficam cada vez mais frequentes. Portanto, rinossinusites e as chamadas otites não são raras. Se muito frequentes, começam a oferecer risco para os pequenos. Logo, devem ser acompanhadas de perto!
Para finalizar, vamos recapitular algumas coisas: a adenoide não é uma doença para o baby! Na verdade, é uma estrutura que protege contra patologias. Porém, quando o tamanho dela excede o ideal, os riscos e complicações começam a aparecer. É nessa hora que os pais devem se atentar e levar os pequenos para acompanhar de perto com profissionais da saúde, sejam eles médicos, fonoaudiólogos ou mesmo dentistas.
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Referências
Guideline IVAS – Infecções das Vias Aéreas Superiores. Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.