Acompanhar o desenvolvimento das crianças é uma experiência que deve ser aproveitada a cada segundo. Como num passe de mágica, os pequenos vão se tornando grandinhos. Porém, essa fase também pode ser marcada pela dor do crescimento.
A princípio, essa é uma queixa muito comum de ser levada para pediatras e ortopedistas. Não é à toa que cerca de 15% das dores relatadas em consultórios estão associadas a essa condição. Por isso, é fundamental debater o tema e deixar os pais a par do que representa.
E você, tem ideia de como tratar isso? Em primeiro lugar, será que é inerente ao processo de crescimento? Já vamos adiantar que tem tratamento! Continue a leitura para descobrir.
Entenda o que é dor do crescimento
Desde já, sabemos que a dor do crescimento é uma queixa frequente. E não é para menos! Ela acomete em torno de 20% das crianças. O mais curioso de tudo é que, embora a nomenclatura seja associada com o crescimento, ela não tem nada a ver com ele.
Para sermos mais específicos, estamos lidando com uma dor musculoesquelética e não articular. Geralmente, ela se manifesta na parte da frente da coxa ou na batata da perna.
Logo, os membros inferiores são os mais prejudicados e, quando ela surge, costuma atingir ambas as pernas. A boa notícia é que o quadro tende a ser autolimitado, ou seja, vai passar quando as famílias menos esperarem.
Porém, embora seja uma condição benigna, deve-se ter o cuidado de diagnosticar de maneira correta. Isso porque o diagnóstico é feito com base em exclusão: é preciso descartar diversas outras causas para afirmar que é dor do crescimento.
Saiba quais são as causas
Seja como for, quando vamos falar sobre as causas de uma doença, existe um grande cuidado para identificá-las e, consequentemente, encontrar formas de prevenção. Contudo, os fatores que levam à dor do crescimento ainda são desconhecidos.
O mais próximo que chegamos de causas são alguns fatores controversos, como:
- hiperatividade;
- aspectos anatômicos — pé plano e geno valgo;
- psicogênicos.
Veja os principais sintomas
Já que as causas em si não podem ser bem determinadas, vamos ao que interessa: como identificar a dor do crescimento?
Bem, existem algumas características que podem deixar os pais atentos. Primeiro, que a condição não tem preferência entre meninos e meninas: atinge ambos os sexos da mesma forma.
Na grande maioria dos casos, o acometimento é bilateral e, como dito, prejudica regiões como:
- parte anterior das coxas;
- parte posterior dos joelhos;
- canelas;
- e panturrilhas.
Raramente a criança vai se queixar de dor nos braços. Ah, outro aspecto importante é a duração da dor. Geralmente, inicia à noite ou de madrugada, a ponto de tirar a criança do soninho profundo.
Os pequenos vão acordar agitados, não sendo raro o choro. Porém, na manhã seguinte tudo estará bem: nenhum sintoma evidente e nenhuma limitação física.
Descubra como é feito o diagnóstico
Como dito, o diagnóstico da dor do crescimento é por exclusão. Então, basicamente o profissional deve-se atentar a 2 coisas: fatores que corroboram a hipóteses e sintomas que afastam a suspeita.
Considerando que é um acometimento musculoesquelético e que não atinge articulações, qualquer sintoma sugestivo de problema articular deve descartar a hipótese. Além disso, massas palpáveis ou dor à movimentação também não combinam com a dor do crescimento.
Dessa forma, se a criança caminha normalmente e não percebe nenhuma outra alteração a não ser a dor, a suspeita diagnóstica se mantém.
Vale reforçar que a dor nas pernas pode apresentar várias origens, desde as benignas às malignas. Causas autoimunes, infecciosas e neoplásicas são apenas alguns exemplos de outras condições possíveis.
Saiba quais os exames necessários
Partindo desse pressuposto, os exames laboratoriais e de imagem podem ser muito úteis para descartar outras patologias. Se os marcadores de inflamação estiverem altos, por exemplo, é preciso considerar doenças inflamatórias.
Da mesma maneira, a quantidade de glóbulos brancos pode sugerir a vigência de uma infecção. Lembre-se: na dor do crescimento os exames laboratoriais não apresentam nenhuma alteração.
Agora, falando dos exames de imagem, eles também podem evidenciar alguma outra causa. Radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética… cada qual com sua indicação, mas que podem avaliar tumores ou mesmo traumas.
Confira as formas de tratamento
Se as causas do problema são desconhecidas, quer dizer que também não se sabe o tratamento, certo? Errado! Existem maneiras de aliviar a dor e fazer com que isso não prejudique a criança.
Vale reforçar que a negligência ao problema causa sofrimento tanto nos pequenos como também nos familiares. Exemplo disso são as crianças que deixam de brincar ou ir à escola por receio da dor.
E não é só a curto prazo que as consequências aparecem. O não tratamento da condição pode levar à dor crônica na vida adulta. Mas não se preocupe! A evolução do problema tende a ser benigna e é possível aliviar os sintomas.
Cerca de 95% das crianças sentem grande melhora por meio de massagens. Se as crises de dor forem mais demoradas, alguns antiinflamatórios e uso de compressas mornas podem trazer algum conforto.
No mais, não deixe de oferecer suporte para os pequenos. O apoio afetivo e emocional podem ser decisivos no momento de dor.
Atente-se com a artrite idiopática juvenil
Por último, gostaríamos de fazer um alerta sobre a condição chamada de artrite idiopática juvenil. Como é uma doença reumática, a evolução tende a ser crônica e com piora ao longo do tempo.
Assim, os pediatras devem estar atentos com as articulações dos pacientes. Se houver artrite em 1 ou mais articulações, já devem subir o alerta. O diagnóstico e o tratamento tardio podem resultar em sequelas que diminuem a qualidade de vida.
Mas a atenção não deve ser apenas dos especialistas. Existe um questionário que reúne 12 perguntas sobre situações que sugerem artrite idiopática da infância. Então, papais e mamães, não deixem de conferir!
Concluímos, enfim, que a dor do crescimento é uma condição frequente entre os pequenos. Embora ainda deixe alguns pontos de interrogação, é importante relembrar quais os sintomas característicos e como fazer para aliviá-los. Além disso, o alerta dos pais deve ser constante sobre qualquer condição que cause dor nos pequenos. Diante de algum problema, comunique ao pediatra para melhor avaliação!
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Referências
Meu filho sente dores nas pernas: será dor de crescimento? Sociedade Brasileira de Pediatria.
Questionário de triagem para identificar casos de AIJ. Sociedade Brasileira de Pediatria.
Dor do crescimento. Revista Dor.