Falar sobre febre é falar sobre um dos problemas que mais preocupam os pais. Quem reforça isso são os dados estatísticos: representam até 65% das consultas em emergência pediátrica. E a pergunta é uma só: como abaixar a febre?
Logo, aproximadamente 75% das queixas enviadas pelos pais aos pediatras estão associadas à febre. Por isso, seja em pronto atendimento, seja em aplicativos de mensagens, todos buscam uma solução do problema.
Considerando que os filhos são os bens mais preciosos, é compreensível a preocupação. Afinal, o que aquela febre representa? Porém, vamos entender melhor o assunto para oferecer maior autonomia e tranquilidade para os pais. Continue a leitura!
Entenda o que é a febre
Pergunta rápida: a febre é uma doença, certo? Não, a febre é um sintoma! Isso quer dizer que representa apenas a manifestação de alguma condição. Para as crianças, digamos que funciona muito mais como um alerta, o qual deve ser devidamente interpretado.
Pois bem, vamos iniciar essa compreensão. A febre nada mais é que uma resposta fisiológica do organismo. Em outras palavras, é uma reação esperada frente a determinadas agressões, sejam elas físicas, químicas ou biológicas.
Diante de determinado agente agressivo, nosso corpo promove uma série de reações para combatê-lo adequadamente. Como exemplo, podemos citar:
- dilatação de vasos sanguíneos;
- direcionamento de maior fluxo para o local da agressão;
- produção de anticorpos;
- aumento de células de defesa.
Tudo isso ocorre em prol de aumentar a imunidade e de preservar a saúde. Portanto, a febre é o resultado de um metabolismo mais intenso, que vai gerar a defesa necessária para aquele momento.
E vale ressaltar: mesmo que nosso organismo tenha um órgão responsável pelo controle da temperatura, a produção de calor é tão intensa que fica difícil diminuir. Sendo assim, o ponto de corte definido para o estado febril são temperaturas superiores a 37,8°C.
Saiba quais as possíveis causas
Mas, afinal, que agressores são esses que estimulam a ação do nosso sistema de defesa? Cerca de 90% são vírus. E eles podem atacar diversos órgãos e sistemas do nosso organismo!
Que tal alguns exemplos? Bem, começando pela cabeça, podem provocar infecções de ouvido e vias aéreas superiores, como resfriados. Pensando em outras regiões, provocam, ainda, pneumonias, bronquiolite e até mesmo diarreia.
Então, diante dessa diversidade de casos, os diagnósticos também são variáveis. Portanto, antes de pensar em como abaixar a febre, é importante refletir o que ela significa ou, em outras palavras, o que ela tenta alertar.
Na maioria das vezes, pode até ser o primeiro sinal de que algo não está bem! Porém, lembre-se que o organismo vai tentar combater aquele invasor e, por isso, nem sempre requer uma rápida ida à emergência.
Agora, se o seu baby tem menos de 3 meses, vale a pena procurar atendimento médico com certa rapidez. Porém, vamos ver isso com mais detalhes no final da nossa conversa.
Continuando a associação da febre com o sistema de defesa, a temperatura corporal um pouquinho mais elevada vai potencializar a atividade de enzimas de células imunes. Além disso, acelera a produção de anticorpos e a migração deles para o local de ação.
Descubra como abaixar a febre
Agora, a pergunta que não quer calar: como abaixar a febre? Primeiro, vamos derrubar um mito: os antibióticos são os principais responsáveis por isso? Bem, não são — por mais que sejam os queridinhos dos pais!
Vamos explicar! Os antibióticos são os medicamentos responsáveis por combater as bactérias. Contudo, elas representam apenas 10% das causas infecciosas de febre. Já para os vírus, o uso de antibióticos não interfere em nada. Na verdade, só prejudica!
E, falando em vírus, um pedido aos pais: não fiquem bravos com os médicos se o diagnóstico for “virose”. Afinal, vimos que a grande maioria dos casos são os vírus os agressores, certo? Agora, vamos ao tratamento.
Não aposte, de cara, nos medicamentos para abaixar a febre. Ações simples como desagasalhar os pequenos e hidratá-los com bastante líquidos podem ser suficientes para diminuir a temperatura.
A dica é: coloque isso em prática e verifique novamente 30 minutos depois. Caso não dê certo, aí sim considere o uso de medicamentos. Mas, atenção, você precisa apenas considerar. O que vai determinar sua decisão é o estado geral da criança.
Sendo assim, mais importante que valores, é analisar o comportamento dos pequenos. Se estão mais prostrados, cansadinhos e desconfortáveis, chegou o momento de medicá-los. E não se esqueça de seguir as doses recomendadas pelo pediatra nas consultas de rotina.
Confira os riscos da manifestação
Por mais tranquilizadora que tenha sido nossa conversa até então, é preciso abordar quais situações requerem um olhar especial dos pais.
Já vimos que nos babies com menos de 3 meses a febre precisa ser melhor avaliada. Então, se seu filho se enquadra nessa faixa etária, cuidado redobrado!
Agora, falando sobre todas as idades, se o estado geral da criança se mantiver ruim mesmo após abaixar a febre, vale a pena levá-la para avaliação.
Vimos, ainda, que a febre pode ser a primeira manifestação de infecções. Porém, se persistir por mais de 72 horas, também requer avaliação médica.
Afaste da temida convulsão febril
Dentre os grandes riscos que a febre oferece, um dos mais temidos é a convulsão febril. Porém, é uma complicação que não oferece consequências negativas. Geralmente, ocorre entre 6 meses até 6 anos de vida.
Nessa faixa etária, os neurônios dos pequenos são hiperexcitáveis, ou seja, têm maior facilidade para transmissão de impulsos. Por isso, o estado febril pode ser suficiente para desencadear uma convulsão.
Calma, não é o valor da febre que determina isso, mas sim a velocidade de instalação. E, não se preocupe, geralmente não deixa sequelas e nem necessita de tratamento preventivo.
Desvendamos, então, um dos maiores mistérios na vida dos pais: o de como abaixar a febre. Mais importante que saber administrar um antitérmico, é entender melhor sobre o sintoma. Isso vai garantir maior tranquilidade para os pais, seja para acompanhar em casa, seja para decidir qual o melhor momento para procurar ajuda. Reforçamos, ainda, a importância do acompanhamento com um bom pediatra, afinal, educação em saúde nunca é demais.
Se você conhece um pai ou uma mãe que sofre com a febre nos pequenos, não deixe de compartilhar nosso texto!
Referências
Febre: Cuidado com a Febrefobia. Sociedade Brasileira de Pediatria.
Febre aguda: orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. PEBMED.
Febre não é doença, é um sinal. Sociedade de Pediatria de São Paulo