Se você tem criança em casa, provavelmente já deve ter acordado com uma poça suspeita no colchão do pequeno. Afinal, quem nunca se deparou com um xixi na cama? Pois bem, embora seja comum, muitos pais apresentam dúvidas se isso pode retratar um problema.
Primeiramente, é entender que existem diferentes marcos no desenvolvimento da criança. Alguns têm mais destaque, como os primeiros passinhos ou a primeira palavrinha dita. Porém, não se esqueça que os esfíncteres merecem atenção.
A partir do momento que a criança consegue controlar quando faz xixi ou cocô, ela dá um passo muito grande no aspecto social. Frequentemente, entender este ponto do desenvolvimento é fundamental para o crescimento do baby… continue a leitura!
Entenda até quando é normal o xixi na cama
Bem, você já sabe que a criança nasce sem total controle sobre seus esfíncteres. Dessa forma, ela não consegue segurar o xixi ou cocô e, por isso, o uso de fraldas é essencial. Porém, com o avançar do tempo, essa realidade muda.
É a partir dos 18 meses que a mágica começa a acontecer. Então, aos pouquinhos, os pequenos vão conseguir manejar as necessidades. Primeiro, começa com o controle dos esfíncteres pela manhã e, só depois, avança para o controle noturno.
Enquanto isso, é natural e esperado que façam xixi na cama. Mas não se engane: não é apenas o controle esfincteriano que vai influenciar nisso. A bexiga, por exemplo, também passa por transformações que influenciam no processo.
Em contrapartida, nos lactentes, a capacidade funcional do órgão gira em torno de 60 mL. Então, como é um valor pequenininho, o bebê tende a urinar a cada hora. E mais: ele ainda não consegue inibir a ação. O que vai mudar isso é o desenvolvimento do sistema nervoso.
Consequentemente, podemos listar alguns aspectos que influenciam no desenvolvimento:
- aumento da capacidade da bexiga (sobe 30 ml por ano até a puberdade);
- detecção da vontade de urinar;
- possibilidade de controlar o esfíncter e postergar a micção.
Saiba o que causa o problema
Em síntese, a principal causa você já sabe: a falta de controle dos esfíncteres. Então, vemos que o xixi na cama não é um problema em si. Na verdade, é uma consequência esperada no processo de desenvolvimento dos pequenos.
Dessa forma, já fique ciente que: não é culpa da criança! Ao longo de muitos anos, o xixi na cama foi motivo de castigos e repreensões. Isso resulta em consequências psicológicas bem desagradáveis para a criança.
Porém, não é só a falta de controle esfincteriano que causa o problema. As causas psicossociais também merecem bastante atenção, visto que situações corriqueiras podem influenciar nisso. Quer alguns exemplo: Veja:
- nascimento de algum irmãozinho;
- separação dos pais;
- troca de ambiente escolar.
Embora tais situações possam estar associadas ao xixi na cama, existem condições biológicas que também influenciam. Primeiro, levamos em consideração a genética. Assim, crianças cuja família apresenta histórico do problema, tendem a repeti-lo.
Em outras palavras, é a redução do hormônio antidiurético. É ele quem vai aumentar a reabsorção de água pelo corpo e, consequentemente, diminuir o volume de urina. Se ele está reduzido, a criança tende a urinar mais.
Voltando o olhar para a bexiga, existe uma condição chamada hiperatividade vesical. Neste caso, os pequenos vão apresentar urgência para micção, além de aumentar a frequência de xixis ao longo do dia.
Vale, ainda, lembrar de outras causas patológicas importantes. Então, não podemos deixar de citar diabetes mellitus tipo 1 e doença renal crônica. Por isso, não deixe de relatar o problema para o pediatra! Só assim poderá ser feita uma avaliação completa.
Veja como é feito o diagnóstico da enurese noturna
Agora, vamos entender quando o xixi na cama deixa de ser algo natural e se torna patológico. Neste caso, estamos falando sobre a enurese noturna. Ela é muito bem conceituada por: perda involuntária de urina durante o sono em crianças com mais de 5 anos.
Perceba que aqui o componente idade é fundamental, pois já ultrapassa a faixa etária habitual para controle de esfíncteres. Geralmente, acomete mais meninos do que meninas, além de causar anseios em toda a família.
Na enurese noturna primária, estamos diante daquelas crianças que nunca conseguiram deixar as fraldas. Por outro lado, na secundária até conseguiram abandonar as fraldas, porém voltaram a fazer xixi na cama.
Aqui, a grande lição é que os pais precisam ficar atentos com a idade que o ocorre o xixi na cama. Até os 5 anos, na maioria das vezes a situação tende a ser natural, embora possam existir causas patológicas. A partir daí, já é considerado enurese noturna, que deve ser bem avaliada.
Descubra se o xixi na cama tem tratamento
De cara, vamos responder a pergunta que não quer calar: sim, xixi na cama tem tratamento! Para sermos mais específicos, existe uma série de bons hábitos que podem ajudar a manter a cama sequinha ao longo da noite.
Acima de tudo, os pais devem implementar as medidas antes mesmo de a criança deitar para dormir. Ao longo do dia, é importante incentivar a criança a fazer xixi a cada 3 horas. Não se esqueça de fazer isso logo antes de ela dormir também.
Portanto, para auxiliar na missão, evite oferecer líquidos para o pequeno nos 60 minutos que antecedem a hora do sono. Assim, diminui a chance de a vontade de urinar chegar ao longo da noite. Ah, e leve ele ao banheiro logo após o despertar.
A alimentação e o xixi na cama
Um ajuste na alimentação também pode contribuir: evite oferecer alimentos muito salgados e bebidas cítricas. Dessa forma, vai diminuir a sede e a irritação na bexiga, respectivamente.
Por último, vale comentar sobre o uso de dispositivos que atuam como alarmes. Eles são posicionados na virilha da criança e, assim que cai a primeira gota de xixi, vão disparar um estímulo sonoro.
Viu só como é possível tratar o problema? De fato, existem diversas abordagens, das mais simples às mais complexas. Se mesmo com todas as tentativas persistir, é essencial buscar ajuda de um especialista.
Concluímos, enfim, que o xixi na cama é algo relativamente comum, mas que pode prejudicar a qualidade de vida da criança e da família. O sentimento de culpa e de vergonha pode afetar o psicológico do pequeno e até prejudicar suas interações sociais. Cabe aos pais ter bastante paciência no processo e, ao perceber o surgimento de algum outro sintoma, buscar ajuda médica para melhor avaliação.
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Referências
Enurese (xixi na cama). Sociedade Brasileira de Pediatria.
Enurese noturna, um dos problemas mais comuns na infância. Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.
Xixi na cama tem jeito? Jornal Zero Hora – Sociedade Brasileira de Pediatria.
Desenvolvimento normal de 1 a 5 anos. Revista de Pediatria SOPERJ.