Muito se fala sobre os perigos da exposição solar excessiva. De fato, representa um grande fator de risco para queimaduras e desenvolvimento de câncer de pele. Mas, afinal, como o banho de sol fica nessa história?
Entretanto, ao longo dos anos, as pessoas buscam reforçar a importância da exposição solar para o baby. O principal motivo é que a radiação ultravioleta estimula a produção de vitamina D pela pele. E, cá entre nós, esse micronutriente é essencial para o crescimento saudável.
Pensando nisso, parece muito lógico estimular o banho de sol para os pequenos, certo? Na verdade, não é bem assim. É preciso ponderar os riscos e benefícios, além de considerar alternativas viáveis. Continue a leitura!
Entenda como funciona a vitamina D
Você já sabe que a exposição solar está diretamente relacionada com a síntese de vitamina D. Para muitos, isso é uma surpresa, porém a pele desempenha importante função ao longo da vida, sobretudo nos pequenos.
Não é à toa que existe um grande esforço nos primeiros meses para manter a barreira cutânea estável. É ela que vai proteger contra desidratação, absorção de substâncias perigosas e microorganismos.
É ela, também, que vai sintetizar a vitamina D. Isso acontece graças aos raios UVB, que realizam uma ação fotoquímica para a síntese. O próximo destino da vitamina é o fígado, onde haverá o armazenamento de todo o excesso.
Neste momento, ela ainda está inativa. Porém, o próximo passo é essencial para sua ativação: o transporte para os rins. Agora sim, a vitamina D será ativada para agir no organismo, sobretudo na absorção do cálcio e no metabolismo ósseo — tão importante no crescimento.
Saiba quais os benefícios da vitamina D
Primeiramente, vimos as 2 principais funções da vitamina D no corpo. Falando primeiro sobre a absorção do cálcio, ela vai ocorrer no intestino delgado, acompanhada, ainda, da absorção de fósforo.
O cálcio, por sua vez, encontra-se em grande maioria no tecido ósseo — afinal, ele é um dos principais componentes. Mas não é só isso! O cálcio é fundamental para uma série de ações, como contração muscular e transmissão de impulsos nervosos.
Agora, o papel da vitamina D para o metabolismo ósseo parece mais fácil de entender, certo? O principal motivo está relacionado ao cálcio. Porém, além disso, ela estimula a diferenciação de cartilagens, um desenvolvimento importante nos primeiros meses de vida.
Para finalizar, a vitamina também estimula a reabsorção de cálcio pelos rins. Diante de tantos benefícios, fica difícil imaginar como o organismo se mantém com a baixas concentrações da vitamina, não é?
Contudo, saiba que a hipovitaminose D é um distúrbio frequente, que acomete cerca de 1 bilhão de pessoas.
Descubra quando fazer o banho de sol
Agora que você está expert em vitamina D, vamos conversar sobre o banho de sol. Primeiro ponto: evite a exposição direta ao sol nos babies, ainda mais se for nos menores de 6 meses. Depois do primeiro semestre, coloque na rotina o uso do filtro solar.
Outra situação na qual você deve evitar o banho de sol nos pequenos: na icterícia fisiológica — ou amarelão. Por mais que a fototerapia seja um tratamento muito bem descrito, existe uma grande diferença em relação à exposição solar.
Seriam necessárias horas de exposição, já que apenas uma fração dos raios são efetivos no tratamento do amarelão. Por isso, não deve ser realizado de maneira alguma no lugar da fototerapia.
Mesmo com tantos “poréns”, é indicado que os babies sejam expostos ao sol semanalmente, durante 15 minutos. Claro, com a devida proteção e sem excessos! Já nas crianças maiores, a frequência passa para 3x na semana.
Entenda como é feita a suplementação
Se o banho de sol deve ser feito apenas com muita cautela, como é possível para um baby atingir os níveis necessários de vitamina D? É aí que entra a suplementação! Na verdade, já é uma prática indicada pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Partindo do pressuposto que todo bebê deve suplementar, existem alguns critérios para indicar a dosagem. Se for realizado aleitamento materno exclusivo, a indicação é:
- 400 UI por dia em menores de 1 ano;
- 600 UI por dia em maiores de 1 ano.
Se mesmo assim for constatada uma deficiência de vitamina D, o passo seguinte não é aumentar o banho de sol! Na verdade, seria necessário consultar com o pediatra para avaliar outras condições, como um problema na absorção.
Assim também, vale esclarecer sobre um mito: o uso de protetor solar não dificulta a síntese de vitamina D. Portanto, não é motivo para não proteger os pequenos com mais de 6 meses.
Por fim, lembre-se que a exposição solar excessiva aumenta os riscos de queimaduras na pele e, a longo prazo, o risco de câncer de pele.
Veja como proteger contra exposição excessiva
Para finalizar, não poderíamos deixar de dar dicas para proteger o baby do sol em excesso. Nessa perspectiva, existem algumas medidas gerais e outras voltadas para faixas etárias específicas.
Até os 6 meses de vida, é contraindicada a exposição direta ao sol. Por isso, você pode lançar mão de medidas como: sombrinhas, roupas que cobrem grandes áreas e bonés/chapéus. Aqui, ainda não é indicado o uso de protetor solar.
Já entre 6 meses e 2 anos, os filtros inorgânicos ganham a cena. Isso porque apresentam alta resistência à água e têm menor capacidade de provocar alergias.
Por fim, de modo geral, existem medidas bem simples e práticas. O uso de protetor solar é a mais importante, principalmente com 30 FPS ou mais. A maneira de aplicar também merece atenção: cerca de 20 minutos antes de sair ao ar livre.
Reaplique o protetor durante o banho de sol
Se a criança suar muito ou imergir em água, é importante fazer a reaplicação. Outra dica de ouro é evitar sair ao sol nos horários mais quentes, como no meio dia.
No mais, o vestuário também tem seu papel na proteção do baby. Por isso, chapéus, óculos de sol e roupinhas com proteção UV são excelentes opções.
A grande lição que fica é: o banho de sol para os babies tem sido cada vez menos indicado. Isso não quer dizer que está proibido, mas sim que os pais devem evitar a prática sem os devidos cuidados. Além disso, já é preconizado pela SBP a suplementação com vitamina D. Logo, não haverá prejuízos para o baby caso a exposição solar direta não aconteça. E lembre-se sempre: qualquer dúvida peça orientações para um pediatra!
Agora, que tal conhecer mais dicas para cuidar da pele dos pequenos?
Referências
Sol na medida certa. Sociedade Brasileira de Pediatria.
Novo documento traz atualizações sobre os cuidados com a pele do recém-nascido durante o período neonatal. Sociedade Brasileira de Pediatria.
Hipovitaminose D em pediatria: recomendações para o diagnóstico, tratamento e prevenção. Sociedade Brasileira de Pediatra.